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DÊEM-ME A CABEÇA DE ZÉ DIRCEU

Dêem-me a cabeça de Zé Dirceu. Quase uma unanimidade a afrontar sua arrogância – agora a querer disfarçar – com que comandava o aparelho político que instalou na cabeça do governo. Afundou dentro do seu próprio mar de entranhas, que revelou um coronel do sertão a gerenciar o seu curral eleitoral do tamanho do Brasil para se manter no poder sabe Deus até quando. A se arrastar como uma cobra, mexendo com seus pauzinhos que nem um Golbery. Um bruxo que só pensava em seu governo, um maestro que afinava o coro alugando os partidos políticos para darem sustentação ao presidente. No entanto, Roberto Jefferson não gostou de ser tratado como prostituta. Queria mais. Seu idioma é o de intermediar fatias do poder, seja ministérios, cargos em estatais, participação em fundos de pensão, buscar recursos de caixa 2 e funcionar como trem pagador.
Assim como não apetecia a Lula a cozinha do governo, deslumbrado com o status de líder na cruzada contra a pobreza, Zé Dirceu também ficou longe das malas de dinheiro e da transfusão de sangue nos intestinos da organização. Preocupou-se tão-somente com que a gestão da origem dos recursos a serem arrecadados e a sua destinação estivessem a cargo de um verdadeiro profissional, com experiência de varejo.
E lavou as mãos. Respaldado pelo seu preparo e inteligência que lhe conferem um orgulho acima das coisas terrenas. Pensou que sua trajetória de luta armada em prol de uma ditadura do povo fosse passado morto. Ganhou uma nova cara – já não era mais virgem de rosto – com o restabelecimento da ordem democrática e veio a sair da encolha no governo Lula. Sem o menor pejo de jogar na lama o título de campeão da moral e da ética com que o PT batia no peito. A ponto de conquistar o reconhecimento impossível, uma reputação partidária invejada até pelo Enéas.
Mas a maior traição a princípios aconteceu debaixo do nosso nariz. A trinca Lula, Palocci e Meirelles tecendo uma política econômica tão do agrado do governo norte-americano e dos mais empedernidos inquisidores das CPI’s dentre tucanos e pefelistas, defendida com a faca nos dentes por eleitores que só votam pensando na sua carteira de ações e na estabilidade do mercado.
Quem começou a trair primeiro, Lula ou Zé Dirceu?
Não existe a figura de impeachment para quebra de decoro do presidente correlacionada a promessas e compromissos não cumpridos com 53 milhões de eleitores, privilegiando superávits e juros em detrimento de saúde e segurança.
Seus inimigos vão fazê-lo sangrar para chegar fraco e desmoralizado nas próximas eleições. Até como vendeta, para nunca mais elegermos um presidente que sirva de exemplo para as camadas mais pobres pretenderem ascender ao poder. A eleição de Lula foi uma ofensa ao clube da elite, que teve de engolir calado.
Tomaram um susto à toa. Antes de findo o mandato, Zé Dirceu afundou o governo Lula ao fundar uma nova linha comportamental para os companheiros do PT no processo de acomodação aos companheiros de alianças partidárias. De tão pragmáticos, quiseram ser mais realistas que o rei e se desvirtuaram. Prestaram um desserviço à evolução da democracia ao inserirem Marcos Valério, dona Renilda e seus treze cavalos no nosso voto.

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Antonio Carlos Gaio
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