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É DE PROPÓSITO: 11 – MEU PAI E MINHA AVÓ

Mal conheci a mãe do meu pai. Desde a adolescência de “Mingel”, como chamei meu amoroso paizinho quando ainda não sabia direito falar, o Miguel Sérgio da Fonseca Rego, teve que virar adulto para cuidar do meu tio Zeca, então garoto “pré-aborrescente”. Teve seu papel de filho totalmente invertido, tendo que cuidar da mãe detectada com algum tipo de problema psiquiátrico do qual ele evitava comentar. Eu sempre achei que era esquizofrenia, minha mãe repetia assim ou fui eu que desse jeito entendi. Ela repete tanto suas histórias que implantava seus entendimentos como chips na minha memória.

O fato é que noutro dia, agora em 2024, minha prima Carolina, filha do tio Zeca, veio me dizer que vovó tinha bipolaridade. Eu não sei. Só sei que meu pai não acreditava nem em Deus nem em psicanálise e psiquiatria. Me achava maluca por tudo sobre isso que eu dizia. E também temia pela sua filha única, vulgo eu, por acreditar que ela tinha algo dos problemas da mãe dele, a Luiza, a tal minha vó.

Eu nunca tive. Não herdei nada disso. Mas já chorei e muito, por não ser compreendida pelo meu pai. Que para não me magoar, não me dizia, mas pra minha mãe falava e eu percebia, que ele achava que eu era meio como ela, com alguma forma de “anomalia” no meu apenas jeito de ser.

Hoje eu me faço gente, entendendo, aceitando, honrando e agradecendo meus parentes e evoluindo a minha ancestralidade. Hoje sim, com quase 50 anos, deixei de ser a criança de mim e de tanta gente. Agora sou adulta e minha própria mãe de verdade.

Minha mãe tá viva e me ama acima de tudo. Ainda posso contar com ela. Retribuo os cuidados que ela sempre me deu. Mas hoje quem me dá colo sou eu. Quem me conforta quando me trancam a porta é esta que vos fala, porque agora nada mais me para, a não ser o que não controlo. E sim, eu sou normal. Do jeito que é só meu. E não tenho culpa, nem dor, nem mágoa, mesmo se alguém ainda não entendeu.

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Antonio Carlos Gaio
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