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ESCOLHA À VONTADE

Melhor que ser rico é conhecer a pessoa certa no lugar certo. O essencial para alcançar os degraus mais altos de uma das sociedades mais desiguais do mundo. Embora a ascensão social esteja condicionada à inteligência e à qualificação, ter uma eficiente rede de relacionamentos chega a ser mais relevante que pertencer a uma família de ricos. Se a sociedade é meritocrática ou o sucesso depende de esforço, o apadrinhamento pesa com explicações fartas na história brasileira, tais como a carta de alforria, capitanias hereditárias, distribuição a torto e a direito de títulos de nobreza e posse de terras a barões de meia-tigela, pertencer à raça branca, tomar a benção de bicheiro, coronel do agreste ou caudilho. Talvez ajude a explicar a tamanha tolerância da população com a imensa desigualdade de renda, combinado à crença na educação. Esse caldeirão cultural só não explodiu ainda, em virtude de as pessoas acreditarem que há mérito na vitória de quem estudou e apenas lamentam não ter a mesma oportunidade.
A chance de ser advogado de pilantras bem-sucedidos ou chave de cadeia de pés-de-chinelo – “se você faz direito, já começou fazendo errado”. Ser economista, um manancial de mãos-de-vaca em busca de um paraíso fiscal. Assumir um ar superior dentre os outros espécimes profissionais, mais requisitados no mercado financeiro do que os economistas, mestres da sapiência a projetar prédios que desabam e pontes que partiram. Para que a pose, se engenheiras não mais existem para a reprodução?
Dar aulas em escolas públicas e morrer pobre e desgostoso, ensinando a mesma História a vida inteira. Buscar o seu eu interior na psicologia. O jornalista é o único que sai da faculdade podendo emitir opiniões sobre o que sabe e o que não tem a mínima idéia, todos acreditam neles.
A biologia tem o poder de atrair belas mulheres, inexplicavelmente, já que só mexe com insetos, ratos e outros bichos nojentos. Os químicos se acham mais espertos que a ralé, sempre dispostos a dissertar sobre os males da nicotina e aditivos afins, embora apreciem testar seus experimentos em si mesmo.
Ao não conseguir realizar suas fantasias sexuais por falta de um parceiro, os matemáticos se deliciam com a integral, derivando na permutação e em análises combinatórias, o máximo divisor comum que a raiz quadrada não encontra no número pi. Tarados e pedófilos em potencial, ao descontarem todo o desejo sexual reprimido em computadores, a turma da informática engrossa o HD de seus PC’s com fotos de mulheres nuas e filmes pornográficos. Definitivamente, possuem um idioma próprio que ninguém entende.
Uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e uma barriga vazia, o cineasta tupiniquim pode até ter grandes idéias para supimpas produções épicas, mas se contentará com curtas-metragens de segunda categoria. A exemplo da mãe que exerce a profissão de pedagoga na educação de sua filha. Ou como a fonoaudióloga, que consome a vida tentando desesperadamente se comunicar com os outros, e geralmente não consegue. Melhor fazer como o fisioterapeuta, que vibra com o envelhecimento precoce de sua roda de amigos.
Doutores arrogantes e presunçosos, até o dia em que se lembram que não dissecam mais cadáveres e lidam com seres humanos, enxertando litros de silicone em frustradas de seios diminutos. Convencer a comprar o que não presta, desde sandália havaiana até presidente da república, o orgasmo de publicitários.
Marqueteiros de si mesmos da pior qualidade. Só mesmo estando muito mal para trabalhar numa indústria que ganha dinheiro com a desgraça de doentes. Não os confunda com farmacêuticos, matam ratos, coelhos, ovelhas, e ainda têm a cara de pau de dizer que isso vai ajudar a salvar vidas. Melhor manter à distância de físicos com desvio de personalidade, explodem por qualquer coisa, principalmente se trabalharem com plutônio em usinas nucleares. Em havendo pedras no caminho, ele tira, pois geólogos adoram divagar, falar do sexo dos anjos e fotografar cascalhos.
São loucos em potencial. Quanto aos sociólogos, acostumamo-nos a não nos lembrar deles.

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Antonio Carlos Gaio
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