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MENTES BRILHANTES

Descubra qualquer doença mental evidenciada por comportamento anti-social em que a personalidade se fragmenta entre o real e o imaginário, estabelecendo uma confusão mental que estimula a incompreensão e generaliza o temor entre os que o rodeiam. À medida que começa a se estressar mais-e-mais com as exigências do dia-a-dia, tende à solidão, introspecção e má adaptação à realidade exterior. Sente-se fora do tempo e do espaço, negando sua existência, mantém a dor psicológica em segredo, sujeita a chuvas e trovoadas de pânico e ansiedade: você é esquizofrênico, se acentuar a compreensão da angústia que traz aos familiares e amigos, e pressentir que poderá ser abandonado.
As mulheres mais refinadas ou sentimentais tinham tudo para terem se tornado esquizóides, ao serem obrigadas a enfrentar um mundo em que boa parte dos homens queria uma mulher para o seu próprio prazer, os maridos queriam uma esposa para se ocupar de sua casa e do que constar do cardápio, e os velhos queriam uma nora confiável para garantir-lhes descendência – ou ainda querem?: ninguém procurava o amor.
Uma Mente Brilhante é uma película que não chega a esclarecer por que a genialidade do matemático John Forbes Nash Jr. transmuta para a esquizofrenia perante os olhos da sociedade, que ignorou sua precocidade de gênio na resolução de equações que nem seus próprios professores conseguiam entender e a formulação da Teoria do Jogo, que lhe valeu 40 anos depois o Prêmio Nobel, depois de mendigar para voltar a lecionar na Universidade de Princeton.
O esquizofrênico desenvolve idéias estranhas de perseguição, convencido de que está sendo seguido, freqüentemente ouve vozes saindo de sua cachola condenando-o ou dando-lhe ordens, dedos invisíveis a tocar-lhe os ombros, a isto chamam de alucinações. Nash viveu os anos 50 em que o bacilo da esquizofrenia foi detonado a partir da Guerra Fria, agentes do capitalismo e do comunismo se infiltravam, aterrorizavam e corrompiam o caráter neutro da ideologia dos cientistas a serviço da ciência, lançando-se numa perseguição surda a quem estivesse envolvido em projetos inteligentes de desenvolvimento tecnológico voltados para pulverizar o inimigo. Portanto, mania de perseguição era a tônica da dualidade com que o mundo se configurou.
O mesmo caráter esquizóide com que o mundo se desenvolveu da estética gay da era greco-romana, cuja iniciação e hábitos sexuais sofreram radical transformação com o advento da era cristã, que nos mergulhou no obscurantismo da Idade Média, sob o calor humano da Inquisição, em que o Papa ditava regras nos negócios dos estados-feudos. A título de conformar os sexos à obviedade biológica e conter o desregramento, a lascívia, a usura, o saque onde houver mínimas chances, a sodoma e gomorra dos costumes, o vender-se barato, a hipocrisia, enfim, canalizar o pensamento único para mantê-lo no curso de uma onda que cresceu, cresceu… e marolou.
Uma volta completa nessa roda-gigante e eis que o poder gay retorna em grande estilo no século XX. O fastidioso celibato imposto aos padres abriu as portas para que adentrasse e comesse a Igreja pelas beiradas, dilapidando um acervo religiosamente amealhado que alcançou os coroinhas. Nash nasceu imerso nessa equação sem solução – esquizofrenia pura -, cujas incógnitas derivam de raízes primárias construindo um teorema que, para se tornar evidente, necessita de demonstração. Para não restar só esquizofrênico, analisou a rivalidade entre as pessoas e calculou as probabilidades de desfecho de dilemas criados por situações de confronto.
Nem sempre um lado perde e outro vence, podendo haver ganho mútuo, teoria posteriormente utilizada pelos economistas para estudar competições e negociações entre empresas. Partiu de si, de sua própria esquizofrenia, para comprovar a tese e poder continuar a viver nesse nosso mundo onde alucinações são igualmente verdadeiras e diabos aparecem sob forma de gente para nos induzir a fazer coisas que absolutamente queremos e a nos trair e se arrependerem como se nada tivesse acontecido.
Os ditos normais, sob o pretexto de não alterar a ordem natural das coisas, põem em risco a preservação da espécie sem atentarem que não estão preparados para sucumbir. Retaliação de guerra, catástrofes em resposta a atentados ao ecossistema e epidemias nos induzem a cometer atos desesperados no encalço do extermínio. A Natureza não assimila que espécies, ainda que enfermas, desapareçam à sua revelia. Manter-se à margem de pressões estressantes pode significar saber sobreviver em circunstâncias socialmente hostis, o que pela natureza da alienação, reabilita os esquizofrênicos a exercer um papel importante na preservação desse mundo que os rejeita.

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Antonio Carlos Gaio
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