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MONTEIRO LOBATO ERA RACISTA?

A maior obra da literatura infantil brasileira, criadora de um universo sem par que marcou inúmeras gerações, está na berlinda. “Só não compreendo por que Deus faz uma criatura tão boa e prestimosa nascer preta como carvão” ou “a tal cor preta é uma coisa que só desmerece as pessoas aqui neste mundo” são da lavra de Monteiro Lobato e de Emília, sua inesquecível personagem politicamente incorreta. Os preconceitos contidos na obra refletem o tempo de uma sociedade com resquícios escravocratas em que se acreditava na inferioridade do negro, mas há que compreender “Reinações de Narizinho”, “Memórias de Emília”, “Caçadas de Pedrinho” e “A chave do Tamanho” no contexto histórico em que foram escritos, senão estaríamos censurando um gênio como Monteiro Lobato ou incluindo-o numa lista de proibidos para o ensino fundamental. Deixemos para as crianças negras, que cada vez mais ingressam nas escolas, se sentirem arrasadas ao lerem essas referências desairosas ao seu mundo ou terem o discernimento de que no tempo de Lobato o negro devia se manter no seu lugar e o mulato fazer o jogo do português galego, o que contribuirá para aumentar sua consciência e constatar quão difícil é alcançar a democracia racial. Pois os que defendiam que a mestiçagem prejudicava a alta linhagem dos que têm capacidade de construir os altos destinos do Brasil são os mesmos que hoje fazem apologia da raça ser um conceito superado para invalidar a política de cotas: o ser humano é o que importa. Contudo, que se preserve o mundo encantado de Monteiro Lobato no Sítio do Picapau Amarelo.

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Antonio Carlos Gaio
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