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MULHER DE MALANDRO

Mesada de trinta dinheiros a deputados da base em troca de apoio ao governo. Jefferson, apesar de ter feito cirurgia de redução do estômago para ficar menos balofo, não conseguiu diminuir seu apetite. Os suspensórios de Eurico Miranda cairiam como uma luva em sua cara enfezada que adora cantar de galo e desafiar os donos do poder como patrão do seu partido, especialista em organizar tropas de choque. Chora, Lula, chora, o cheque em branco entrou pro folclore, jogou no lixo o patrimônio ético do PT.
A democracia brasileira só permite governabilidade na base de troca de favores ilícitos, fazendo os governos reféns de traidores do povo que se elegeram para representá-lo, e não para transformarem o Congresso num valhacouto de figuras patéticas que se apoderam da coisa pública e tornam instrumento particular nas nossas barbas. Reduz-se o eleitor à posição de órfão em razão da democracia imberbe, sem saber o que fazer com tanta liberdade de expressão, se as garras da justiça não alcançam a tábula rasa do poder legiferante, ocupado em aumentar a renda familiar com o nepotismo. Presta-se um desserviço ao regime denegrindo os políticos: são todos iguais, independentemente do partido ou da linha ideológica que defendem. E nos coloca no lugar de mulher de malandro, que apanha, apanha, mas não sai de perto, porque não tem outra opção.
Do que o homem público tem mais medo é a quebra do sigilo bancário, basta passear pelas contas que se descobre no trânsito um paraíso fiscal, pérolas, laranjas, aviões, êxtase, um livro aberto para desvendar a natureza psíquica desses estranhos seres que chegam ao poder. Bastou chover investigação para lavar a lama de denúncias de suspeitas que pairavam sobre o governo, para acuar Jefferson e levá-lo a oferecer champanhe aos jornalistas que queriam ouvi-lo. Num misto de “sabem com quem estão falando?” com a finura de um aristocrata brega – o que fazer para calá-los, ó dúvida atroz!
O carisma de Lula versus um deputado notório por negociar cargos. Saiu atirando para tentar se salvar e atingiu o plano de poder de Lula que, pouco a pouco, como um castigo do céu, é empurrado para sacrificar a reeleição e governar sem fisiologismo. Ou, então, o medo terá vencido a esperança, com uma política econômica exaltada por todos, menos por 55 milhões de pobres. Com tanta fome, vai ter indigestão.
O indômito Jefferson assim agiu porque sabe que vai ser dejetado da vida pública. Seus colegas de corporação afiançam que ele está morto porque cuspiu sobre a magnanimidade da classe política, que não admite que sua honra seja enxovalhada sem mais nem menos. Pois desestabiliza o país, contaminando a economia e criando um quadro de ruptura: não serve aos interesses dos políticos o país quebrar a cara.

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Antonio Carlos Gaio
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