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NOS ANAIS DA ETERNIDADE

Já pensou você ter nascido um Van Gogh e seus quadros considerados feios, verdadeiras aberrações, tachados de inquietantes, com uma conotação assaz perturbadora? Tão distante de tudo e de todos? Visto como apenas reproduzindo a Natureza ou um simplório vaso de flores? Chamada de natureza morta àqueles que se limitavam a traduzir com fidelidade árvores, folhas e frutas.
Um alarmante desvio em relação à reputada lógica, que agride o bom senso. Uma extravagância a ser coibida pelos senhores da razão, que enquadram à perfeição os limites de até onde a arte poderia se exceder, sem que possa ser censurada por transgressões que não ofendam o decoro público.
Realçar o jogo de luzes que inundam nossa existência terrena, o que tem de revolucionário nisso? Inovar na tessitura do desenho às vésperas do mundo imergir no inconsciente do ser humano e de lá tirar coelho da cartola? Para que se matar em nome desta causa? Não seria inútil? Inútil paisagem? Somos todos inúteis?
O mundo era assim antes de Van Gogh. Seria Van Gogh um divisor de águas? Aplicar-se-ia o carimbo de aberração em Van Gogh ou na sua pintura? Só porque ele foi parar no hospício por haver decepado sua própria orelha? Ou teria nascido no tempo errado? Quando loucura na arte sempre é necessário. Se a doença tem o dom de curar. E a tristeza valer mais do que o riso.
Se Van Gogh pintava para parar de pensar. E se manter na miséria o impulsionava a criar mais e mais. Como um exilado em seu próprio mundo. De forma a compartilhar o que via. Para presentear o mundo injusto e cruel com sua pintura.
Se Jesus Cristo e a crucificação só foram reconhecidas, consumidas décadas de seu martírio pela guarda imperial através da apologia construtiva disseminada pelos apóstolos. Crucificado porque o povo assim quis e decidiu, e não como ficou creditado na conta de Pôncio Pilatos.
O sofrimento impiedoso impingido a Van Gogh valeu sua entrada nos anais da eternidade.

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Antonio Carlos Gaio
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