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NOS PRIMÓRDIOS DA ESPIRITUALIDADE

O homem era definido por Aristóteles como um animal político que tende a se organizar em polis (cidades) e a se realizar como cidadão em vida. Quando o homem é, e sempre foi, sobretudo, religioso, para aprender a lidar em vida com o medo profundo do desconhecido e dos imprevistos que ocorrem sem você esperar, no trânsito para a morte, que é irreversível.
Não se distinguiu de seu ancestral primata somente pelo refinamento de sua inteligência e sim por se estruturar na organização de sociedades, conforme se manifestavam suas experiências com o sagrado e o transcendental que não conseguia explicar. Todavia, por calar fundo na sua alma, abria espaço para a devoção e a súplica por melhores tempos e colheitas. 
Quando descobriu que o destino do ser humano dependia do sobrenatural, do outro mundo, do além-mundo, do mundo dos espíritos, passou a crer na existência de um poder superior, que representou não apenas um grau ou uma etapa da evolução de nossa consciência, mas em sermos o próprio espírito dessa consciência.
O que não pode ser reduzido, em hipótese alguma, à necessidade da natureza humana de criar fábulas infindáveis para simbolizar o abstrato e tornar concreto o que não consegue entender. Nem ao caráter sagrado que vai muito além da simples manifestação de um desejo de ligação com o Todo.
A esfera do sagrado não pode ser dissociada da morte sob pena de perder o seu sentido mais genuíno e não fundamentar a impermanência na vida, onde tudo gira, é inconstante e sujeito a crueldades infligidas pelo homem quando, por necessidade, caçava e matava animais para sobreviver. Até estender seus domínios para liquidar sua própria espécie, igualmente para se manter vivo, continente à saga de dominador ou dominado criada por si próprio, sob a bela desculpa de se defender antes que ataquem.         
No afã de triunfar sobre todos os outros seres da natureza, o homem passa a fazer mal a seu semelhante, mas não sem culpa. E assim ele produz a moral e a religião para que não incorramos no espírito repetente de agir contra a natureza que nos criou e ficar em dívida com Deus. E o espírito no corpo do animal humano começa a adoecer em busca de cura, no fragor de uma luta intensa que ele principia a travar contra os instintos, vencido o pecado original.
A espiritualidade nunca esteve apartada da humanização que delineou o processo civilizatório.

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Antonio Carlos Gaio
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