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O ESPIRITISMO PSICANALISANDO WOODY ALLEN

Woody Allen, o maior cineasta de todos os tempos. Em mais de 6 décadas, dirigindo, contracenando e escrevendo filmes antológicos abordando neuroses, psicanálise, desditas amorosas, traições e desajustes sexuais. Aos 85 anos, vive um drama com uma dimensão idêntica à sua grandiosa obra, pintado como um monstro sexual. Acusado de abusar sexualmente de sua filha adotiva Dylan Farrow em seus 7 anos (hoje com 35), ao que os inúmeros fãs incondicionais do gênio da arte cinematográfica julgaram tratar-se de uma injúria da despeitada Mia Farrow (hoje com 76 anos), em sinal de revanche pela enxerida ter encontrado fotos nuas de sua filha adotiva Soon-Yi (de 21 anos) na máquina fotográfica de um displicente Allen. Ela teria inventado tudo ao ser traída por Woody Allen, de 57 anos, quando, em 1992, começou a manter relações com a filha adotiva coreana de Mia, que a expulsou imediatamente de casa. Por sua vez, Soon-Yi reclama de maus-tratos e da tirania abusiva da mãe desde que a recolheu num orfanato coreano em 1978.
Ninguém leva em conta um casamento já em avançada desagregação até que surja uma traição, principalmente se ocorrer dentro da própria casa da traída, e o traidor seja o seu marido. Aí assume uma aura de escândalo, prevalecendo a pecha de deslealdade e falta de escrúpulos. Agravado por ter sido considerado equivocadamente incestuoso, quando Woody foi julgado como o pai biológico de Soon-Yi Previn. O maestro de orquestras sinfônicas André Previn, autor de trilhas sonoras que celebrizaram musicais americanos e marido anterior de Mia Farrow de 1970 a 1979, é que era o seu pai, e adotivo.
Atualmente, o casamento de Woody Allen e Soon-Yi já vai para quase 30 anos de vida em comum, situação que o famoso escritor sempre teve dificuldades para assumir em função de suas idiossincrasias geralmente atribuídas a gênios em estado alfa, no qual procura expandir sua mente em relaxamento profundo para poder criar e transportar a realidade que por lá circula para a suposta ficção cinematográfica. Em contraste conflitante com sua filha adotiva Dylan Farrow que, indignada com as dúvidas lançadas sobre se foi molestada ou não pelo pai, replicou: “Como preciso reafirmar o tempo todo, eu conheço a diferença entre ficção e realidade” – o que só ratifica que dois bicudos não se beijam.
Woody Allen não chegou nem a ser processado por não haver provas do que lhe foi imputado. Inexistindo intercurso ou algo do gênero, carícias infantis são difíceis de serem comprovadas, ainda mais se comprometerem pai ou padrasto.
O inconcluso tornou-se uma ferida aberta, podendo infeccionar mais à medida que o ciclo final de vida de Woody Allen vá se esgotando, a não ser que atinja os 100 anos que seu pai comemorou. Dylan não recua um milímetro de sua denúncia de que foi tocada em suas partes íntimas, em sendo escritora. Ronan Farrow, o único filho biológico de Mia com Allen, acredita na irmã Dylan, em sendo jornalista investigativo especializado em derrubar pesos-pesados envolvidos em abusos contra mulheres, como o superprodutor Harvey Weinstein, e figura reverenciada na era Me Too. O terapeuta Moses Farrow, filho adotivo de Woody Allen e Mia Farrow, gostaria de adotar o sobrenome do pai – precisa dizer mais alguma coisa?
De sua caixinha das maldades, Mia Farrow revelou que, apesar do casamento com Frank Sinatra nos anos 1960 ter durado apenas dois anos, o amor continuou. Insinuando a possibilidade de que Ronan poderia não ser filho do cineasta, e sim do cantor Frank Sinatra. Pecando por um precioso detalhe: Ronan nasceu em dezembro de 1987 quando Sinatra teria 71 anos e veio a morrer no ano seguinte. Ao se separar de Frank Sinatra, Mia Farrow, continuando sua biografia tumultuada, foi viver na casa de Dory Previn, a sua maior amiga, casada com o diretor musical André Previn, do qual Mia engravidou, provocando o divórcio do casal. Registre-se que nunca foi casada com Woody Allen, apesar do relacionamento perdurar por 12 anos (1980-1992), cada um em seu apartamento.
O sofrimento de todos os componentes da família caminha célere em direção a cada um ir irreversivelmente pro seu lado, cindindo a outrora grande família. Não há uma tentativa de negociação para interromper um processo que se instalou e que se afigura como uma maldição. Situação modelo, típica para reencarnar em papéis diferentes e todos os envolvidos passarem a limpo o que se recusaram a fazer nesta existência. Para dar sequência à chamada reforma íntima de nossos defeitos e fraquezas contra os quais cada ser humano tem o dever de lutar. Por isso, tomar conhecimento dos pormenores da última encarnação não é útil e nem permitido para ninguém, somente satisfazendo a curiosidade. É mais importante sabermos como nos saímos em vidas passadas, e não quem fomos.
Observem bem que Woody Allen e Mia Farrow ainda têm saídas para resolver o impasse ainda nesta encarnação. Se Mia Farrow recorresse ao filme que a tornou famosa, “O bebê de Rosemary”, de 1968, em que sua personagem, grávida, foi morar num prédio antigo e mal-assombrado, com moradores estranhos que obraram para ela parir um enviado de Satanás – personagem essa que se confunde com ela mesma. Permitindo que Woody Allen a resgatasse, livrando-a dos maus espíritos que a obsediaram no alvorecer de sua trajetória cinematográfica, tal como idealizou a trama que envolveu a personagem de Mia Farrow em “A Rosa Púrpura do Cairo”, em 1985. Uma simplória garçonete que sustenta seu marido bêbado e desempregado e que só sabe ser violento e grosseiro, costumando fugir de sua triste realidade assistindo a sessões seguidas de seus filmes prediletos. Até sobrevir uma enorme surpresa ao admirar, às raias da fascinação, o ator protagonista de “A Rosa Púrpura do Cairo”. Atraído por ela, ao vê-la assistindo ao filme pela quinta vez, o herói magicamente se desincorpora da ficção e sai da tela que exibia um filme em preto e branco para um mundo real e colorido, e declara seu amor por ela, provocando uma verdadeira confusão com os outros personagens do longa, que se negaram a continuar o filme sem o ator principal.
Basta Woody Allen, o diretor de “A Rosa Púrpura do Cairo”, trazer o seu herói de volta à tela, acompanhado de Mia Farrow, ansiosa por fugir à sua realidade no filme “A Rosa Púrpura do Cairo” em que atuava e também de ser espectadora passiva, para ingressar na ficção que sempre adorou, e participar ativamente a exemplo de sua melhor fase como atriz na era Woody Allen, na qual brilhou em treze de seus filmes. Misturando definitivamente ficção à realidade de modo que não paire qualquer dúvida. Deixando para trás quem ainda consegue distinguir muito bem a diferença entre a ficção e a realidade – conforme asseverado por Dylan Farrow.

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Antonio Carlos Gaio
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