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O HOMEM, DE TESE A TESÃO

Desde a Pré-História o homem se condicionou à arte do combate, aos cuidados de proteger os seus e resolver os problemas de sobrevivência… caçando. Sem jamais demonstrar medo ou vacilo, o que atrofiou a verbalização emocional, somente agora em vias de se corrigir graças à reação empreendida pela mulher que a libertou da escravidão de grotões, onde, como dona de casa, primava em ser a rainha do lar.
O bom cabrito não berra, mas no que ela pôs a boca no mundo e a ocupar espaços tradicionalmente destinados ao macho, ele deixou de cantar Tim Maia, “eu quero é sossego”. Não tem mais forças para calá-la e deixá-lo em paz, com o olhar perdido à espera de uma nova caçada.
A réplica de quem foi desprezada e não quer ser interrompida com soluções emergenciais para seus problemas, urrando “Paliativos, tô fora!”.
O homem detesta ser flagrado no erro, desde os tempos do mandarinato em que todos dependiam dele, da criadagem ao séqüito de mulheres. Odeia ser pego de quatro no ato, falhando. Há que parecer forte, afinal comeu poeira por séculos de espermatozóides desperdiçados, procurando se manter a uma distância segura do fracasso. Temor esse que ficou gravado a ferro e fogo no DNA, no sangue que flui como o rio na direção da foz do inconsciente coletivo que armazena todo o nosso aparato psicológico que nos distingue dos animais.
Somente a clonagem, em seu mais puro refino, pode sustar essa transmissão de genes contaminados que suscitam epidemias do gênero da AIDS, de quando em vez, para nos fazer parar para pensar. E a ter que mudar o atual pacto em que a sociedade se funda e afunda, ao reinventar a roda sem sucesso. O único problema é criar um outro monstro, se bem que pior, difícil.
Tenhamos fé e esperança em um novo tempo no século XXI, num novo homem que abandone a palavra de ordem de sem tesão não há solução, sem se enredar no falso dilema de armar a barraca ou chutar o pau da barraca, insistindo em que não há tese a ser comprovada e sim tesão a ser demonstrado. Guiar suas mentes privilegiadas pelos corpinhos bem cuidados de moçoilas e balzaquianas, logo agora que atingimos o auge da influência da Grécia de Apolo e Afrodite no culto ao corpo, é caminho certo para o suicídio. Porque nada o irá satisfazer, o orgasmo se conhece, se comporta como o virginiano, implora por limites, senão falece na fonte.
Os homens acreditam mais no sucesso da testosterona do que na própria mãe. Se ela não for queimada em exercícios físicos de vai-e-vem, pode aumentar a agressividade e provocar conduta anti-social. São analfabetos no amor ao não saberem distingui-lo da paixão, como interpretar a ereção a todo transe, o manuseio incansável das mãos de punguista e o cérebro cego? Têm horror a alcançar os cinqüentão ou sessentão e cair na malha do comodismo e dos sem iniciativa.
Só domina o reino animal quem se realiza na competitividade, o lema da corporação.
Cresce em progressão geométrica o horror quanto ao teste do DNA, a paternidade irresponsável do tempo do senhor dos engenhos tem seus dias contados, mas eles não querem se desvincular de seu papel de perpetuador da espécie humana, tolamente confundida com a sua entusiástica e impulsiva disposição para o sexo. Nostalgia de quando guerreiros voltarem das batalhas e o harém de viúvas se pôr a serviço para restituir a mão-de-obra que não resistiu aos combates, sendo o nascimento do varão uma benção.
É motivo de orgulho o número máximo de orgasmos alcançados no mais curto espaço de tempo, um recorde que mata de inveja inimigos ou predadores interessados em lancetar sua potência. A monogamia pretendeu cortar esse mal pela raiz, promiscuidade e infidelidade se tornaram calos em pés chatos sujeitos a joanetes onde não entram as sandálias da humildade.
No entanto, a monogamia é torpedeada por estímulos mentais poligâmicos que surgem como raios e trovões que assolam o cérebro do homem, comprimem a massa encefálica do raciocínio, a lógica de que tanto se orgulha, remanescente nos estertores do berço em que é criado. A prostituição, as imagens pornográficas na internet, vídeos e revistas, a indústria do sexo, têm o caráter hominídeo, pautado no que eles fantasiam na mulher ensaiando um corpo bonito, um peito e bunda de torcer o pescoço, a aparência a preponderar na personalidade.
Fato esse que só se agravará com a senilidade, pois que para transpor a frágil ponte pênsil que atravessa o rio caudaloso que separa o amor em margens opostas, o homem só vê um caminho: através do sexo. Enquanto a mulher deseja quebrar a vitrine, entrar em sintonia com seus sentimentos e se ver reconhecida.
Deixando o homem num buraco sem saída, se considerando um injustiçado com a pecha de cafajeste, desagradável, grosseiro ou doentio, conforme atazanado por algumas impertinentes fuxiqueiras que não entendem seu silêncio na malhação do orgasmo, enquanto sua cabeça está voltada para “e se o sexo acabar de repente!”.

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Antonio Carlos Gaio
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