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O HOMEM NÃO PODE MAIS VIVER À MERCÊ DOS SEUS INSTINTOS

Ao atingir o entorno da idade de 65 anos, eis que a ereção do homem perde a outrora vitalidade, vulgarmente chamada de pensar com a cabeça do pau, a caminho da cientificamente batizada disfunção erétil. A despeito de a regressão causar mais estrago ao estado psicológico identificado como o orgulho da raça. A ameaça da disfunção surge mais como resultado da busca por um amar de forma sadia no qual o homem acredita: travar um sério embate para o prazer não se escafeder e permanecer em suas incursões guiadas pela pura efervescência criativa, o que o fazia embrenhar por plagas nunca dantes percorridas e que permitiam maior autoconhecimento.
Embora não queira revelar se a razão maior da disfunção não foi o acabrunhamento paulatino com a reação das mulheres, ao introverter decepções amorosas pari passu com a perda progressiva de poder e privilégios nos relacionamentos à medida que a mulher foi se assenhoreando de seu espaço. Desavergonhadamente, bem que gostaria de declarar em alto e bom som: sou vítima de um verdadeiro cerco psicológico contra minha vitalidade em busca do prazer.
A virilidade já não se fazer presente salvo se for por amor, para o qual ele deveria abrir os olhos. Quando anteriormente era por qualquer mulher que ele desejasse, ou mesmo se ela viesse a nele despertar alguma atração que ainda não havia sido detectada em seu radar. Antes era muito mais fácil, hoje ficou estritamente limitado, sob protestos de seu inconformismo.
Acabou a festa e a pretensão de abraçar o mundo com as pernas. Soa como uma lição para quem não soube abraçar o amor e fixar raízes, optando por pular de galho em galho e deleitar-se no prazer de voar, visualizar o panorama de cima e somente descer à terra se funcionando como ave de rapina.
Todavia, não há que desanimar. O desejo continua lá, apenas tornou-se mais amadurecido e menos indiscriminado, prescindindo do sexo anabolizado, mas necessitado de envolvimento, tarefa difícil nessa idade. Fantasias aparentemente impossíveis de realizar não deixaram de ocorrer. O que mudou foi a convivência estreita com o fantasma da disfunção erétil passar a exigir fantasias que refletissem amor verdadeiro ou relacionado a amar para valer, de tal maneira que viesse bancar a ereção e sustentar a ejaculação. Procurando aceitar o que a vida nos disponibiliza, nos oferece ou nos propõe para destrinchar e desenvolver uma relação.
A disfunção erétil, portanto, é o prenúncio da perda de sinais de vitalidade. Não de sinais da vida propriamente dita. A vitalidade não é pouca coisa por se desapegar, em razão de ser uma energia com o esplendor do Sol que, na sua essência, nos vincula à vida e a torna necessária para nos mantermos ativos e bem despertos.
Significa, pura e simplesmente, aceitar os reflexos da queda no próprio corpo, que decai com o avanço da idade, mas que pode embutir mudanças e sinalizar a aquisição de novos elementos para ingressar em outro ser. A questão se prende a se libertar do apego ao arcabouço que depende da vitalidade e do condicionamento a que o homem está sujeito, iniciado pela mãe que estimula sua masculinidade desde cedo. Não é fácil transpor a diferença abissal entre o homem que sempre foi e o homem, apesar da idade, que está por nascer, fruto dessa vitalidade de toda uma existência que ameaça se esvair, para dar lugar a um outro homem que deseja continuar criativo, lúcido, de mentalidade jovem a ponto de não mais se entender com os seus contemporâneos, e não perder as esperanças. Tornando-se um sábio.
A esperança de acordar cedo sempre disposto para o que está por vir e não perder a gana de viver, produzindo cada vez mais, ajudando a quem pode e trazendo alento a quem precisa. Portanto, tudo passa espiritualmente pelo desapego a essa intensa vitalidade física para dar lugar aos cuidados extremos, quando outrora não havia tempo. Tudo passa espiritualmente pelo descondicionamento do arcabouço de que se vale a sexualidade e vincula o amor, tornando o homem dependente de seus instintos como um bebê, obediente a um atavismo, notadamente na área comportamental, o que o faz escravo e não contribui para sua evolução. O arcabouço é físico, mental, intelectual, abarcando todos os níveis de fantasias, com nem mesmo os sonhos vislumbrando alguma alternativa exequível nesta humanidade.
Vencer o cativeiro que a infraestrutura do ser humano nos impõe é a missão. Sentir que existe futuro nessa nova etapa e transcender. O bom funcionamento só vem com muito amor.

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Antonio Carlos Gaio
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