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O INFERNO DE PINOCHET

Finalmente Pinochet se foi. O calor do inferno proporcionado pelos inúmeros processos por tortura e seqüestro, roubo e assassinato, que o perseguiam através dos tribunais chilenos, para não falar dos europeus, tornaram sua permanência aqui na Terra irrelevante. Com Pinochet se confirma que o castigo não se inicia depois da morte. Preferível encarar o rosto de Deus para encontrar ali um julgamento misericordioso e mais humano. Contudo, terá de olhar agora a cara dos homens e mulheres que fez desaparecer, um atrás do outro.
Como Deus e o comunismo são afins em não tolerarem a existência de classes sociais e a riqueza explorando a pobreza, Pinochet, de cara, fica obrigado a confessar por que infligiu essa dor múltipla e irreparável. Por que mandou matar ministros militares em penca? Para não ameaçar sua soberania? Por que fez descer sua sombra sobre o destino dos chilenos, estendendo suas garras, através da Operação Condor, às ditaduras do futuro Mercosul? Por que se julgou maior que a vida? Uma figura além de seu tempo?
Só porque acabou com o buraco da Previdência e abriu a economia às nações amigas para se fartarem nas privatizações? Levando os tucanos a admirarem e imitarem a jóia mais preciosa do monetarismo, a teoria de que nada é de graça, tudo tem seu preço.
Até Pinochet se tornar um fantasma político com a prisão em Londres por 18 meses e a descoberta de suas contas secretas no exterior, a ditadura equiparada ao franquismo, sob o beneplácito da CIA que tramou e financiou o golpe de 1973. A jóia mais preciosa, os campos de concentração que surgiram para torturarem 30 mil vozes opositoras ao regime.
Gracias, Pinochet, por mostrar sua verdadeira face ao longo de sua decadência a caminho de prestar contas ao tribunal da consciência, aquele que forma juízo sobre questões morais.

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Antonio Carlos Gaio
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