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OS CONSERVADORES (OU O GADO?)

O brasileiro Samuel Luiz, de 24 anos, tocava flauta transversa na igreja pentecostal e era um guia espiritual de muitos meninos na Congregação Cristã de La Coruña (Espanha). Foi vítima de um linchamento coletivo irracional numa noite em que as boates ficaram abertas até tarde após a suspensão das restrições da pandemia. Espancado até a morte, abraçou a fé desde criança por meio de seu pai, que atuava como diácono e o iniciou a estudar a Bíblia – a cada domingo, um versículo para decorar e recitar. Após ser vítima da barbárie por um grupo de jovens que nem conhecia, tornou-se um símbolo da luta contra a homofobia, que ocupou manchetes e debates na mídia em todo o mundo.
Amigos garantiram que Samuel Luiz não escondia a orientação sexual e sua família sabia que ele era gay, embora esse assunto não fosse abordado em casa, e ele nunca tivesse confirmado para os pais, mesmo porque se sentiriam desconfortáveis.
Uma indignação tomou conta dos agressores, que se julgavam estar sendo filmados na saída de uma boate, sem sua autorização, através do celular de Samuel Luiz, que só participava de uma videoconferência. Um deles se aproxima, o repreende e o agride com um soco. A vítima tenta esclarecer e se distancia, enquanto os demais se agrupam e se precipitam sobre o jovem auxiliar de enfermagem que trabalhava como voluntário na Cruz Vermelha em residência de idosos, de olho em se tornar técnico de prótese dentária.
Mataram-no a socos e pontapés na cabeça e no peito em meio a insultos insistentes de “viado de merda”. Quando nada disso importava, se era do bem e ajudava os desprivilegiados e enfermos, muito estudioso e educado, abalando o sentido da vida para os pais diante de tamanha selvageria como essa que, via de regra, nos deixa completamente arrasados.
Provavelmente a voz, o tipo, o jeito, as atitudes de Samuel Luiz não os agradaram. Inventando um pretexto qualquer como o de ter sido invadida a sua privacidade, e logo por um gay. Quando o contrário para esses seres anormais é que seria razoável, ou seja, de vigiar e vasculhar a vida privada de quem tem, segundo eles, um comportamento fora dos padrões admissíveis numa sociedade. Para reprimir.
Banalidade do mal sem par, tirar a vida de nossos semelhantes só porque o semblante e o seu conjunto não se afinam com a estreiteza de pensamento de outrem. A partir de seus padrões ultrapassados. Pautados pela educação recebida que desejam conservar em respeito ao que os seus pais lhes transmitiram, sem se dar conta de que o mundo anda, a Humanidade caminha e evolui e a roda da fortuna gira em direção contrária aos que se mantêm apegados a ideologias retrógradas e a passado sem volta.
Quando o passado é lição para refletir, e não para repetir (o modus vivendi), segundo o escritor e pensador Mário de Andrade, o criador de “Macunaíma” – a força motriz do movimento modernista brasileiro, desencadeado em 1922
São os conservadores, os radicais de extrema-direita dependentes da violência para impor suas ideias, já que de outra forma não conseguem se expressar ou sequer entabular um raciocínio crítico que justifique o que condenam. Só põem sua carcaça para funcionar se em regime autoritário, ditadura chinfrim, mal coordenando sua mente para que edifique um plano que atinja as necessidades de comunidades. Sempre a serviço do mal e da perversidade, muito embora não necessariamente tivessem sido maus alunos em sua formação escolar. Apenas adernaram para o desvio de finalidade.
Mentem desbragadamente. Distorcem habitualmente a realidade de conformidade com sua índole suja, que foi se estruturando e ganhando corpo até encontrar um escoadouro natural para despejar seus dejetos e poluir o ambiente com matéria infecta e repulsiva. Não nasceram para viver em meio humanitário. Recentemente, em outra encarnação, projetaram campos de concentração para inalar gás letal em milhões de judeus e asfixiá-los até a morte. Até o último minuto do fim da 2ª Guerra Mundial, fielmente cumprindo o desejo expresso pelo Führer, reiterado momentos antes dele se suicidar.
Obedecendo às determinações hitleristas sem questionar nem um pouco, tal como um rebanho de gado se encaminhando para o matadouro, sem ter noção de seu destino. Que já estava sacramentado àquela altura. E isso serve para qualquer categoria de seguidor cego e fanático. Como os conservadores, os radicais de extrema-direita.

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Antonio Carlos Gaio
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