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PERDEMOS A NOÇÃO DA REALIDADE

A humanidade perdeu a noção do todo quando a ciência moderna compartimentou o mundo para entender melhor as partes e oferecer soluções para aumentar seu bem-estar. Abandonamos a filiação ao Sol e à Lua e a comunhão com as energias das águas, das montanhas, do fogo, no afã de melhor dominar a natureza. Doutores, experts e mestres separaram o que foi unido, costurado pelas religiões, que religaram os homens aos elementos naturais, sob a égide da Fonte de todos os seres.
Contudo, prelados e sacerdotes fizeram da religião um outro reino, apartado do despojamento franciscano, declarando guerra, governando soberanos e decidindo o futuro de monarquias. Quando não interferiam ou contestavam descobertas científicas.
À ação, veio a reação. Seja o ateísmo, o agnosticismo ou a arreligião, o fato é que preencheram um espaço vazio, cavado no Iluminismo, com a lógica proveniente de imorredouros mananciais gregos e com um juízo e pensamento moral que se despegou do Deus bíblico, quando se descobriu que a Terra era redonda e Adão e Eva não forjaram a espécie humana. Inúmeras tentativas se seguiram para erradicar dogmas que consubstanciavam a base cristã da vida nos últimos 400 anos, pautadas pela fé cega de que a ciência tem resposta para tudo. O firme propósito avançou o conhecimento em todos os campos, afora os que foram criados no irrefreável desejo em encontrar cura e saída para todos os males dos quais padecemos no nosso planeta.
O capricho do saber não previu invasão, cruzamento, nem colisão entre inteligências raras, bitoladas em observar seu mundinho no microscópio, culminando na falta de conexão com a realidade, tantos os papéis que temos de desempenhar e facetas em que nos enquadrar para dar conta de tudo. Encontramo-nos sob a ameaça de ver rompido o cordão umbilical que nos vincula à Terra, à semelhança do astronauta com a nave espacial, e ser desfeito o que une e reúne todos os seres para formarem o cosmos, e não o caos.
À medida que progressivamente banalizamos o que assistimos de absurdo ao nosso redor, vamos nos dessensibilizando. São imensas as dificuldades que um indivíduo tem de enfrentar quando pretende conservar intacta sua integridade num mundo onde verdade e moral perderam todo o seu caráter reconhecível. Não captamos a mensagem que nos vem da luz, do breu, das estrelas, do olhar pidão da criança, da mão suplicante do faminto, do olhar desesperançado do ancião largado na rua. Porque, em nós, a lobotomia já fez efeito. Para resgatar o sentido da totalidade, precisaríamos recuperar a sensibilidade e a cordialidade na sua dimensão mais profunda, a fim de que nos sejam devolvidas a percepção do respeito a cada ser e da noção do sagrado que permeia o mundo.
Doses cavalares de razão e o mau emprego de uma lógica auto-suficiente provocaram a irracionalidade e a ameaça do colapso da espécie, quando infligiram maus tratos à Natureza, sem a menor consciência do que estavam fazendo. Sinal de que não amamos mais a Vida, se a submetemos a tantos riscos. Se a manipulamos em função de acumularmos carradas de egoísmo para tirar proveito próprio e ofendermos tão duramente sua dignidade. Tornando-nos varizes que vão aumentando e perdendo a viagem.
A continuar assim, Gaia, a Grande Mãe que personifica a base onde se sustentam todas as coisas, terá que se defender de nós, se nos considerar como um câncer que avança em todas as frentes. Acostumados que estamos a fazer guerra e falhar no amor, no mínimo é brincar com a verdade desafiar Gaia para um confronto aberto. Se, diante dos efeitos de terremotos, inundações, deslizamentos ou nevascas, mal reagimos. Gaia existiu durante quase 4,5 bilhões de anos sem sentir a falta da raça humana!
Se a melhor maneira de aprender como funciona o mundo foi dividir o todo em partes para simplificar a compreensão de cada uma, o erro que se cometeu foi a parte estudada em detalhes se desgarrar e se desconectar do todo, num caminho sem volta de uma ciência fragmentada que reflete um universo cuja dispersão é o desafio. Quando o Universo e sua natureza associada têm uma origem comum que nunca deixam de criar mentes, situações e horizontes novos, pela multiplicidade de combinações que garante ao processo de construção a continuidade ao longo do tempo. 
O sofrimento abre nossos poros e expande a compreensão, mas aprendemos muito mais com o amor, que nos vira pelo avesso e inventa mil maneiras de nos conectar com a realidade, confirmando que tudo se renova e transforma o que prevaleceu até então.

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Antonio Carlos Gaio
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