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SIMPLESMENTE LIVRE

Aos olhos dos outros, sempre fui meio Pollyana, ingênua, criança. Em diversos momentos, saber que me julgavam assim me deixava irritada, com orgulho ferido, me sentindo uma boba de verdade. Mas, em outras horas, pensava: “coitados, eles não sabem de nada”. Confesso que chegava até a me divertir com essa visão. Exatamente por me julgarem ingênua, eles acabavam me revelando suas verdadeiras faces com muito mais intensidade. Em outros instantes, lamentava o fato de não ser boba. Se fosse, não enxergaria tanta coisa ruim a meu redor. Não seria melhor? Não sei. Só sei que assistir ao filme “Simplesmente Feliz” me trouxe uma nova convicção. Uma ideia que eu já vinha cultivando há tempos, porém sem acreditar piamente que eu conseguiria sustentá-la. O filme me ajudou. Como dizem os obamamaníacos: Yes, I can.
A convicção é simples, trata-se do meu conceito de liberdade. “Simplesmente Feliz” foi o primeiro filme ao qual assisti sozinha nesses 12 anos em que estou com o meu marido. E, antes de assisti-lo, fiz também duas outras coisas pra mim inéditas, desde que viemos morar na Barra. A primeira: fui e voltei a pé da minha casa até o shopping. Na Barra, quem tem carro fica dependente dele. E não é que o passeio foi uma delícia? Estar em meio ao verde do interior dos condomínios barrenses me deu tranquilidade para pensar na vida. Outra estreia do dia foi o fato de eu almoçar sozinha, no restaurante, num domingo. Cheio de famílias reunidas à minha volta. Às 16h30, eu estava almoçando, sem almoçar, pois fiquei satisfeita só com a entrada e a sobremesa. Totalmente só, sem estar sozinha; afinal, junto comigo estavam as várias histórias do livro que ando lendo e também o meu marido, em pensamento, já que em corpo ele estava viajando.
E foi justamente por causa dessas estreias que cheguei à conclusão. Ser livre não é estar sozinho e fazer o que quiser, sem ter que dar satisfações a marido, pais ou a chefes. Ser livre é ter marido, ser subordinado a alguém na empresa, ter pai e mãe no controle e, mesmo assim, fazer o que se quer. Sem briga, culpa ou drama de consciência. Ser livre é andar a pé onde todos andam de carro. É estar sozinha onde todos estão em família. Ser livre é ser bobinha aos olhos dos outros e não estar nem aí, porque se é simplesmente feliz. E quem é feliz não perde tempo rotulando os outros de bobos ou de quaisquer outros nomes. Ser livre é estar feliz numa certa idade e com um grupo de amigos em que todos têm filhos e você não. Ser livre é estar casada e sair para dançar sem o marido, pouco se lixando para o que dizem os outros. Ser livre é ter compaixão por aqueles que te julgam mal, por aqueles que te agridem e não se sentir uma idiota por isso. É ajudar aquele que todo mundo diz que não tem cura e não se sentir perdendo tempo. É estar disposta a dar amor a quem lhe fere com palavras e invejas, mesmo sabendo que você não será amado de volta. Porque simplesmente tem carinho pra dar e acredita que esse alguém precisa de amor. Ser livre, como me mostrou a personagem Polly do filme, é burlar os problemas com um sorriso no rosto e calar no peito uma verdade que muita gente não está pronta para ouvir, por pura inveja: não adianta você querer me afetar com seu rancor, inveja, mau humor, ou qualquer coisa negativa. Eu não preciso ser rica, linda, culta, famosa, ter carteira assinada, ser casada, solteira, mãe, magra ou qualquer outra dessas convenções tidas como pré-requisitos para felicidade: sou feliz e ponto final

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Antonio Carlos Gaio
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