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UM GAY RECONHECE OUTRO SÓ PELO OLHAR

Não adianta o homem que se diz hetero dissimular perante outro gay. Ele o vara de cima a baixo e o descobre escondido num casamento com filhos. A vida em família é o mais perfeito refúgio para que não entre em contato com sua verdadeira vocação. Resiste até não mais poder de forma a evitar o fascínio da possibilidade de ser ativo e passivo ou mesmo optar pela sua preferência. A diversidade balançaria o coreto da previsibilidade do sexo papai e mamãe e isso faz qualquer gay perder a cabeça. Não encontrando meios de segurar sua onda, enclausurado num modo de ser que o infelicita sobremaneira.
O maior absurdo é chamar quem não consegue sair do armário de bissexual, ao transitar de hetero para homo. Vacilando, tropeçando, patinando, vomitando. Alguns consomem uma vida inteira para se declararem gays temendo a reação dos formadores de opinião. Defendem-se com mulheres, mas preferem o ataque dos homens. O desejo que falta no casamento, busca-se no homem, seu amante. Ou na promiscuidade, que aumenta a dispersão e torna o quadro propositalmente complicado. Até ver minguado o escasso prazer da vida marital, escapando da salvaguarda da lei de Adão e Eva que a todos acoberta, sob aprovação geral e irrestrita da sociedade.
É hora de se retirar e se dirigir ao virtual, à retaguarda da sociedade.
O que não significa ir para trás ou um recuo estratégico e sim uma transgressão aos parâmetros fixados. Cabível em toda violação aos códigos de uma comunidade, caso manter-se fiel a tradições encruadas em nossa alma constitua sofrimento e desumanidade. Caso o coração enrijeça. Se refletir insatisfação, desejo não atendido e amor incompreendido. Nada mais restando senão mudar seu status na sociedade. Mesmo que choque aos que não enxergaram a ebulição ou sentem medo de sobrevir uma avalanche de sentimentos e invadir seus domínios, arrebatando sua vontade, até então sob controle.
A transgressão é associada à irresponsabilidade. Quando vai além. Atravessa fronteiras intransponíveis a fim de se respirar novos ares, olhar para outro céu e defrontar-se com um novo horizonte. E isso é válido não só para a sexualidade, como também abala conceitos na religião, destrói dogmas na economia, abate a discriminação na política e obriga o amor em família a se atualizar. A transgressão hoje é mais aceita por havermos ingressado numa era em que a necessidade de conhecimento se sobrepõe à razão confortavelmente entocada em seus nichos.
Quem não consegue sair do armário costuma ser dotado de muita sensibilidade e clareza. Conhece sobejamente a enxurrada de contradições e sentimentos dúbios que o assaltam, a ponto de deixá-lo em pânico e paralisado, medindo as consequências da guinada que dará no seu percurso de ser humano.
Não é por outro motivo que a voz esganiça, alterna para o feminino, extenuado pela obrigação de ser macho, o que acabou por engessar seu sexo. Muda de tom ao não controlar o gestual da mão, cruza as pernas nervosamente, subverte a expressão do rosto. A transição provoca o exagero nos trejeitos e chiliques, que se entrechocam com o papel de chefe de família. Não se trata de uma descaracterização ou performance de quinta categoria e sim acomodação ao novo ser no mesmo corpo.
É quando um gay, reconhecendo outro pelo olhar, chama sua atenção, convocando-o a dar baixa e transferir-se para outra tribo, antes que cause maiores danos à sua integridade e se torne uma grande mentira.

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Antonio Carlos Gaio
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