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VAMOS DORMIR JUNTOS SÓ PARA CONVERSAR?

O livro “Nossas noites” trata de um caso de amor entre idosos de 70 anos com uma abordagem totalmente diferente e inusitada. O escritor americano Kent Haruf (já falecido) é um grande escritor para manusear um tema como esse tão sensível e de final tão cruel quanto esperançoso.
Baseou-se apenas num mote: “vamos dormir juntos para conversar sem haver necessidade de fazer amor”. A tendência, na maior parte dos leitos, ainda mais nessa faixa etária, é se deixar vencer pelo sono e o idealista ou visionário ou sonhador acabar falando sozinho.
Dormir juntos para diminuir a solidão, no mínimo. E o sexo? Quando a virilidade não é mais do domínio do homem. Quanto à mulher, ainda há interesse? Se o assombro pelo corpo nu não é mais o mesmo, as belas formas desapareceram. Mas se houver envolvimento se entranhando no casal, lambendo as feridas de decepções amorosas, uma a uma dessas figuras ameaçadoras e bloqueadoras do afeto vão sendo abatidas e desaparecendo.
O arcabouço do amor à primeira vista condicionado pela atração física tem que dar lugar a um sentimento que ainda não tem nomenclatura no nosso vocabulário e galgar cada degrau, paulatinamente, até chegar no topo para ser chamado de amor. Há que respirar ar puro ao se elevar e não se deixar levar pela emoção barata que o tem possuído desde que nasceu e que o mantém cativo de algo que não sabe nem o que representa, e por vezes o emburrece, quando não se torna aborrecido, vulgarmente conhecido como paixão.
Quando os liames que o prendiam a um porto considerado seguro se soltam e, mais leve que o ar, você flutua em espírito, ainda que com os pés no solo, mas já imbuído da sabedoria de desvincular o amor da possessividade e do ciúme, que não dá sossego e tortura sua alma.
O fato é que tal relacionamento moderno pode incomodar seus netos, filhos, irmãos, cunhados, genros, noras, casados ou mal casados. A só levantar questões, nessa idade, de patrimônio e herança, como se a morte fosse iminente como uma guilhotina a cortar suas cabeças. Ou considerarem tal união como um mau exemplo para os mais novos. Dormir juntos para conversar sem haver necessidade de fazer amor. Um notório exemplo para desagregar a família. Todos muito preocupados em manter a família unida a qualquer preço sempre que surge uma situação discrepante ou difícil de tolerar ou que ponha em risco o status quo da família perante a sociedade.

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Antonio Carlos Gaio
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