Clique e leia o 1o. capítulo – Rio de Janeiro, o Eldorado dos Portugueses
É a saga de duas famílias, iniciada à época da abolição da escravatura e que se estende até agosto de 1954, em paralelo com o desenrolar da Era Vargas e seus efeitos na sociedade do Rio de Janeiro. É nesse cenário que as famílias convergirão quando seus descendentes se casarem. Uma delas tem como ponto de partida um imigrante português que desmoraliza o calor que induz à preguiça e ociosidade e, mesmo depois de construir uma rede de vinte armazéns, ainda se sente insatisfeito. Ao se tornar kardecista, modifica sua escala de valores e dispõe de parte substancial de sua fortuna para construir uma obra espírita baseada na caridade. A outra família forma-se a partir do inusitado casamento entre um editor francês e uma prostituta analfabeta.
Jorge e Olga, os descendentes, protagonizam um romance nada convencional para os padrões morais da época. O posterior casamento e filhos acabam pondo em rota de colisão a personalidade de ambos. Olga sublima a frustração ao cumular seu filho mais velho com atenções extremadas. Sendo getulista ferrenha, seu amargor aumenta na medida em que o cerco se fecha sobre Vargas.
Luiz Felipe acha-se incapaz de se fazer respeitar como seu avô e pai. Finalmente se tornara naquilo que sempre pressentira na infância: um estranho no planeta. Não se vê em condições de exercer o papel que a sociedade exige dos homens e, em seu desespero, abre uma fenda na fortaleza de uma família espírita.
Raízes Partidas principia pelo meu avô português, que fundou as Casas Gaio Marti no Rio de Janeiro de 1898. Mas é aparentemente autobiográfico, pois romanceei fatos ou personagens rigorosamente verdadeiros, sempre que possível, sem trair a História ou comprometer a história. Alguns deles surgem na saga com seus nomes reais. No entanto, informações conflitantes obrigaram-me a optar pela versão mais interessante ao desenvolvimento do enredo, principalmente por advir de depoimentos contraditórios que tradicionalmente contribuem para encobrir ou deturpar a história oficial de famílias. Enfim, qualquer semelhança ou caricatura é descaradamente intencional, baseada na impossibilidade de se reproduzir a realidade de antanho nos dados momentos.
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