A APARENTE FALTA DE COERÊNCIA DA VIDA

Um dos maiores equívocos cometidos por aqueles que se guiam exclusivamente pelo estrito senso da racionalidade e pelo rigor com que tentam encadear os fatos que contam a história de nossa existência é a reiterada insistência em querer encontrar coerência em todos os acontecimentos da vida. Ocorre que o desenrolar da vida não é coerente, pelo menos não no sentido que nossa inteligência racional compreende o significado dessa palavra. Até o ser racional tem de reconhecer que a vida em si obedece a uma dinâmica que não segue a cartilha da lógica humana, donde se deduz, portanto, que pertence a outra dimensão, com suas próprias leis e encaminhamentos, cuja gestão desconhecemos por completo ou por onde caminha. Então, quando o ser racional tenta encaixar a vida em suas expectativas sobre moral, decência, honestidade e justiça social, ela parece totalmente caótica e sem sentido. Pois nossa mente faz de cada acontecimento um problema, ao enquadrá-lo para fotografar, equacioná-lo e resolvê-lo, gerando, como consequência natural, ansiedade, angústia, o medo da não realização. Uma torrente de sentimentos paralisantes tolda nossa visão e torna impossível enxergar uma saída, nadando-se contra o fluxo natural da existência, numa tentativa vã de fazer com que ela sempre se amolde aos nossos desejos. Quando o problema tem como objetivo fundamental trazer-nos algum aprendizado. O segredo é a total aceitação de cada dificuldade para tentar compreender a verdadeira intenção que se esconde por trás da aparente falta de sentido de tudo o que acontece na vida. O que exige uma mudança transcendental em nosso padrão de consciência, facilitado pela certeza de que Deus sempre sabe o que é melhor para nós. Sem esta transformação, será impossível experimentar a paz e a felicidade com que tanto sonhamos.