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A MÃE DE DEUS

O escritor húngaro Útmutató a Léleknek aproveitou uma conversa entre dois fetos em formação sobre se havia vida inteligente pós-parto ou se continuariam dependentes da mãe em seu ventre, sem a menor perspectiva, para fazer uma inteligente analogia com um plano de vida estabelecido por um Deus ainda invisível a partir de um mundo comparável a uma caverna, até então regido pela aparência sob a qual algo se apresenta.
– Você acredita em vida após o parto? – pergunta o descrente em tudo.
– É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estejamos aqui para nos preparar para o que virá mais tarde – responde o que procura enxergar por entre as nuvens que embaçam o horizonte.
– Bobagem. Não há vida após o parto. E que tipo de vida seria essa?
– Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez venhamos a poder andar com as nossas próprias pernas e comer com nossas bocas. Quem sabe se não teremos outros sentidos que não podemos entender agora?
– Isso é um absurdo. Andar é impossível. Comer com a boca? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo o que precisamos. Mas o cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto logicamente está fora de questão.
– Bem, eu acho que há alguma coisa além disso que estamos vivendo e a que estamos limitados, por enquanto. Talvez seja diferente do que é aqui, no qual seremos dispensados de nos alimentarmos através deste tubo físico.
– Tolice. E ademais, se há mesmo vida após o parto, então por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida, e no pós-parto não há nada além de escuridão, silêncio e esquecimento. Ele não nos leva a lugar nenhum.
– Bem, eu não sei, mas certamente vamos encontrar a Mãe e ela irá cuidar de nós.
– Mãe? Você realmente acredita em Mãe? Isso é ridículo. Se a Mãe existe, então onde ela está agora?
– Ela está ao nosso redor. Estamos cercados e protegidos por Ela. Nós somos procedentes dela. É Nela que vivemos. Sem Ela este mundo nem poderia existir.
– Hum, se eu não posso vê-la, então é lógico que ela não existe.
– Às vezes, se ficar em silêncio e se concentrar, você poderá perceber a presença Dela e ouvir sua voz amorosa, que vem lá de cima.
A analogia também pode ser feita com o Plano Espiritual, no qual o descrente, fora do útero materno, se já julgava impossível a vida pós-parto, continua a contestar, dessa vez, de que há vida depois da morte por não poder ver para acreditar, mesmo que use o tremendo aparato de seus sentidos, que costumam captar coisas que surpreendem até os que estão seguros de sua fé.
A argumentação do descrente serve tanto para os que ainda não nasceram como para os que consomem sua vida inteira a crer no Nada e a se restringir a cinzas. Quando não se apercebe que nós aqui estamos para nos preparar em função do que virá mais tarde. Num ambiente com mais luz e consciência, em que haveria mais boa vontade e generosidade, onde a punição não seria tão reivindicada em contraposição a essa realidade material em que nos encontramos mergulhados até o nariz e a que estamos limitados. Munidos de outros sentidos que não afloraram por não nos mostrarmos aptos a dispor deles.
Se o parto, portanto, corresponderia ao fim da vida, e além dessa fronteira não haveria nada além de escuridão, silêncio e esquecimento, o que significa que não levaria a lugar nenhum para o ateu, o mesmo pode suceder no Plano Espiritual, se negá-lo ao ingressa nele, pensando ainda estar vivo em matéria, podendo imergir na escuridão, silêncio e esquecimento até que desperte para a espiritualidade, numa estranha, sinistra e assustadora correlação.
A Mãe da parábola corresponderia a Deus, sempre próxima de nós e zelando para que o nosso livre-arbítrio não nos desvie para escolhas erradas. Começando por nos cercar de atenções durante os nove meses de gravidez até virmos à luz, se nós somos procedentes dela e nela damos início à nossa existência. Sem Ela, este mundo nem poderia existir.

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Antonio Carlos Gaio
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