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CAPÍTULO 219 – DECEPÇÕES

Deus não pode mudar a ordem natural das coisas de acordo com o critério que vier à cabeça de cada um, já que um grande mal do ponto de vista mesquinho do homem, típico de sua vida efêmera, com frequência pode significar um grande bem na ordem geral do Universo. Se o homem é capaz de afirmar que Deus é surdo quanto aos seus reclamos por conta de milagres que Ele não realizou em seu favor, assim como declarar não enxergar Deus atuando por meios que lhe parecem efeito do acaso ou da força das coisas. Quando Deus nos suscita o pensamento necessário para nós mesmos nos livrarmos de nossos embaraços, esclarece Allan Kardec.
Mas ainda vivemos sob a égide do homem só conseguir reconhecer uma forma e uma figura que lhe é induzida por sua natureza corporal, incapaz, por sua ignorância, de conceber um ser imaterial, e que, ainda por cima, atua sobre sua pessoa. Tudo que lhe parece vencer as proporções de sua inteligência limitada assoma à figura de uma divindade, ou tudo que não compreende deve ser obra de um poder sobrenatural.
A ducentésima décima nona intervenção espiritual, em 28 de junho de 2024, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 127 (“O teu dom”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 6 (“O Cristo Consolador”), itens 1 e 2 (“O jugo leve”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Dentre nós, há sempre companheiros dominados por nocivas inquietações, ainda mais quando o impositivo essencial do serviço não é cumprido, pois indispensável é aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, até para fazer jus a novas concessões. Afinal de contas, não se trata de realizações mecânicas, e sim de aquisições espirituais no campo de lutas e experiências terrestres, a obra extensa do Cristo na qual se impõe a cada trabalhador uma certa particularidade de serviço. Daí ser incompatível uma incontrolável ansiedade por recolher dons da espiritualidade sem nenhuma disposição sincera de espalhá-los em benefício de todos. A farta distribuição diária de luz espiritual em favor de quantos dela se utilizam não pode cair em mãos ociosas.
Porém, para aquele que não espera nada após esta vida, ou que simplesmente duvida de tudo, as aflições pesam muito mais, já que nenhuma esperança vem para suavizar sua crescente amargura em razão de não encontrar consolação na fé no futuro. Decepcionando a si mesmo e a outrem pelo fato da vida não conseguir ecoar em seu espírito e por ser mais uma alma perdida que desperdiça a excelente oportunidade de encarnar e evoluir. Tão somente porque desprezou o dom que nele havia para valorizar sua bagagem cultural acumulada, da qual muito se orgulha e o envaidece.

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Antonio Carlos Gaio
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