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CHANEL

Mademoiselle Gabrielle Chanel foi a maior revolucionária da moda no século XX, se orgulhava de ser a primeira a viver em harmonia com o século XX, antenada com o porvir de uma era que fez das tradições cinzas.
Coco Chanel libertou o corpo da mulher. Para queimarem os sutiãs e inaugurarem o feminismo, as mulheres precisaram da Chanel para libertá-las dos torturantes espartilhos e dos complicados penteados a que até então haviam se submetido. Fazendo a mulher crescer no seio da sociedade, graças à elegância francesa. Criou o estilo garçonne, cabelo curto e gomalinado – o corte chanel.
Chanel limpou os excessos dos anos 20, tirando o mistério e a complexidade da mulher para lhe dar liberdade para voar. Era preciso ter o corpo mais livre para dançar o charleston. Chanel não sabia desenhar e criava direto no corpo das modelos. Começou por roupas de jérsei, tecido leve usado na roupa de baixo masculina. Cortava como t-shirt, mesmo sendo vestido de noite com renda e bordados.
Filha de mascate falido com camponesa, ficou órfã de mãe aos 11 anos, seguido pelo abandono do pai e remetida ao convento de Aubazin junto com as irmãs. O uniforme preto as identificava como sem recursos para sobreviver, o que a inspirou a criar o tailleur em 1920 e o pretinho básico em 1926, uma moda que veio para ficar.
São de estarrecer os demais ícones da marca Chanel: os colares de pérolas com pedras preciosas e bijuterias, a camélia, o sapato bicolor bege e preto, elegantérrimos chapéus, vestidos de noite divinos, a bolsa de matelassê com alça de corrente dourada e o perfume Chanel nº 5 – eternizado por Marilyn Monroe. O prêt-à-porter.
Colecionou amantes, como o Duque de Westminster, que a introduziu à verdadeira nobreza. Dimitri Pavlovitch, sobrinho do czar da Rússia, a ensinou a se enredar em peles. No mundo da arte em que Picasso dava as cartas, Stravinsky foi quem mais a possuiu. Mas não chegou a se casar. E faz diferença? Um filho, ao menos para minimizar as dores da solidão e a efervescência da vida mundana que rareia na velhice, como em 1929, quando criou vestidos para as divas de Hollywood Greta Garbo e Marlene Dietrich.
Viver ao lado de uma grande estrela é difícil, pois ignora-se se as pernas se entrelaçam no ego ou na fantasia, o que não impediu Arthur “Boy” Capel de ajudá-la a abrir seu primeiro ateliê em Paris e depois em Deauville, facilitando o lançamento de sua primeira coleção de alta costura, em 1916.
Acusada de colaboracionista na Segunda Guerra, por exercer a sua liberdade sexual com oficiais alemães, foi submetida à execração pública e teve seu cabelo raspado quando os americanos entraram em Paris. Obrigando-a a se exilar na Suíça por dez anos. Mas os Estados Unidos a retiraram do ostracismo. No lançamento da pedra fundamental da cultura do descartável, Coco incendiou: “A moda não existe até que chegue às ruas. Sem as cópias não há sucesso. As descobertas são feitas para serem perdidas.”
Morreu aos 88 anos de uma vida bem vivida, embora sem encontrar um par à altura. Sem se apegar a ninguém. Sem residência fixa, ou melhor, no Hotel Ritz, onde morava desde 1934.

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Antonio Carlos Gaio
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