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DISPENSADO DA PATERNIDADE

Uma boa salada é aquela em que se é econômico no vinagre e perdulário no azeite, pois o sal é que dá o gosto. Pede-se cautela na pimenta e impulsividade na mistura.
Receita que o homem não observou na relação com a mulher ao longo dos séculos. Ao não levar fé na partenogênese, uma forma de reprodução em que um óvulo gera um novo indivíduo sem fertilização, particularmente observada em abelhas e formigas. Dogma da ciência quebrado por cientistas japoneses através de uma fêmea de camundongo, espécie que compete com o macaco para se testar semelhanças com o homem. O anúncio do nascimento da primeira cria que tem duas mães e nenhum pai, ou seja, sem a participação de qualquer espermatozóide, realimenta o sonho da eliminação dos homens e de um mundo composto só de mulheres – o planeta estaria a salvo de talibãs. Com a clonagem, a partenogênese permite a reprodução sem sexo que rompe as leis da evolução, combinando dois óvulos.
A biologia reprodutora avança sob o pretexto de identificar defeitos genéticos causadores de esterilidade ou obter células-tronco para combater o conjunto da obra das doenças malignas. Negando categoricamente que o objetivo seja usar tecnologia para gerar bebês, se esforçam para não acusar insatisfação com a evolução da espécie na esteira do terrorismo. Ainda que procurem se distanciar de qualquer associação de caráter nazista, se entregam com destemor às experiências. Para o bem da ciência. Como autênticos deuses, acima de tudo. Acima da política, moral, religião, e por cima de todos os mortais. Não se detêm nem diante de jogar contra o seu patrimônio na viagem psicodélica de ultrapassar os seus limites para alcançar o Olimpo, correndo o risco de extinguir a si próprios. Mentes privilegiadas perfeitamente conscientes dos passos que dão, embora pareçam que se injetam a cada nova conquista da ciência, tamanho o delírio onírico de reinventar a humanidade.
O macho reprodutor não é mais obrigatoriamente necessário para a continuidade da espécie. O risco que o homem corre, se a mulher prescindir de seu sexo, é que casais de lésbicas possam ter filhas geneticamente aparentadas de ambas – sem o cromossomo sexual masculino, é impossível gerar meninos.
O panorama competitivo acirra o mercado de trabalho na disputa por vagas que se estende à intimidade do lar. Dispensá-lo da paternidade, um caso a se pensar. Diante de tanto egoísmo e mal-querer relacionado à independência e realização da mulher que cheira a inveja. Diante de tanta omissão travestida de se fingir de morto ou de comedimento na expressão despida de emoção. Ouve-se apenas um rosnar, quando não priorizado na ordem natural das coisas.
Ao caber à mulher o encargo de portar a camisinha nos primeiros encontros e desencontros, ele a torna responsável pelo kit-prevenção quanto à gravidez, Aids, cândida, sapinho e sabe-se lá o que mais sai do que o homem tanto se orgulha e eventualmente suja na saída.
Que insensibilidade para se locomover e se encontrar na geografia dos pontos sensíveis, atributos considerados exclusivos da alma feminina. Mantêm a distância para não se contagiarem.
O receio em assumir novos papéis e desafios afetivos chega a ser patético. Quando tomam a dianteira de iniciativas arrojadas de se enraizar no amor, é porque reconhecem que sem ela não somam e deslizam para o zero.
Focos machistas a serem debelados com aguarrás antes que haja uma revolução dos óvulos, a exemplo da revolução dos bichos de Orwell, no esporte mais radical de que se tem notícia. Uma partenogênese, de verdade!

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Antonio Carlos Gaio
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