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EROTISMO

Quando o erotismo diz tudo, ao você não poder controlar o que imagina e deseja. Causa um estranhamento gostoso por fugir aos padrões costumeiros. É anormal em razão de termos que conter a manifestação para que a freqüência não nos assuste, pois nos proporciona um frescor incomensurável. O erotismo transgride pelo tom berrante e pela erupção do vulcão que revela o mistério. Não é só sexo, na acepção da palavra. É um comer pelas beiradas que invade a intimidade do outro e se apossa sem incomodar, posto que a mente erótica não é dócil nem bem-comportada.
Repelem-na os que exacerbam seus mecanismos de defesa para não serem tungados pela carência – má conselheira. Afora os casais que são companheiros e se gostam muito, mas cuja convivência frutífera não garante um sexo ardente; a proximidade em demasia inibe o desejo. Quando falar sobre sexo, provoca medo ou hesitação. Mentem, ao sentirem culpa, ou não dizem quase nada, por vergonha, divididos entre desejos considerados politicamente incorretos e não ser satisfeita pelo parceiro.
O erotismo é melhor do que o orgasmo, que acaba, relaxa e frustra, pois será impossível reproduzir o momento inesquecível. Terá de criar outro inigualável, pois senão vira um ato mecânico, o que gera insegurança e impotência no hesitar. Além de que convém ambos repousarem depois da labuta e mergulharem num sono feliz. Mas o erotismo não estaciona nesse come-e-dorme, desafia a você prosseguir, a confidenciar segredos guardados à espera de amadurecê-los, a tocar na sensibilidade que anestesia, a não temer suas próprias palavras, a reinventar a roda, a trazer novidades para o sofá, banco do automóvel, canto na festa, escada em espiral e, quiçá, dentro do mar. Isso pressupõe clima, olho no olho, conversa tirada da alma, o coração valente sempre presente, carinho e doçura irmanados, discurso e lógica no lixo, sem espaço para pensar que vai se dar mal com todo esse romantismo do tempo do namoro no portão de casa.
Todavia, os quadrados se restringem à sua dimensão única e linear, ao teimarem resolver todas as diferenças do amor na cama. Precipitados, querem se livrar da agonia da excitação do tête-à-tête intermitente, pois que, prolongada, incomoda por não se ver capaz de reafirmá-la no rolar do tempo, posto que exige confirmar a atração, o interesse e deixar ela penetrar em seu âmago e rasgar suas entranhas para revelar que espécie de homem é esse que deseja tanto se preservar. Uma relíquia que se extingue na ejaculação precoce ou na masturbação, para matar na fonte o erotismo.
O erotismo não constitui somente as preliminares que não se findam. É balançar a roseira com tudo que estava dormitando dentro de você, sob o pesadelo de assexuada ou frígida, para disparar um acentuado nas horas que aflora uma tomada de consciência de que é capaz de apaixonar todos os sentidos sem enlouquecer e viver modernamente namorando.

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Antonio Carlos Gaio
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