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ESTÁ NA HORA DE REVER SEUS CONCEITOS

Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
Quando a cobra se ouriça e perdida se infiltra no meio de um areal, que ferve a um calor que derrete, só pode estar fugindo de relações. Ela serpenteia por não saber para onde ir, desesperada para encontrar um refúgio à sombra e água fresca, igualzinho a você aí parado, que nem cego perdido em tiroteio, de tão paralisado que nem pisca os olhos. Só pode estar fugindo do stress que é ter de amar, do compromisso de ter que se reportar ao outro, saber fazer a dois o que faz melhor sozinho. Preciso aprender a ser só é uma música antiga da bossa nova do tempo em que o homem era uma inútil paisagem quando se separava, assuntos domésticos requeriam uma nova esposa. Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
Com a cabeça a prêmio, as histéricas se recusam a ver o amado como o maior dos heróis, pois ele ameaça sua fraqueza e as coloca à mercê da dominação. Algo embaraçoso as emoções, é preciso autodisciplina, em sendo tão dedicadas, leais e fanáticas pelo amor fundamentalista, charmosamente ingênuas em assuntos do coração. Seu lema é “não me dê o que eu te peço porque não é isso que eu quero”. Não se pejam do nonsense de presentear com um sem número de negativas para expressar o quanto ama aquele desgraçado. Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
O amor comporta tudo, imagine se fordes xiita na fé, inexpugnável na defesa e viperina no ataque. Trazer a competição para o âmago do amor é o que estraga e provoca os desencontros atuais entre homem e mulher, por conta de uma fôrma ao feitio masculino com a qual nos modelaram e de que precisamos nos livrar. Modelo falido que deriva o amor para o campo de batalha obrigando-nos a bater em retirada, pois não somos homens suficientes, elas e eles, para descolar o passado em que se encerra o afeto em contraste com a visão aguçada e moderna de que nos orgulhamos. Estamos na berlinda, no simulacro de amor, família e afeto que se banalizaram ao correr do fio de um mundo performático. Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
Que mal há num pai divorciado que sai com seus três filhos para trocar idéias entre sushis e sashimis? Os dois rapazes assistem a irmã feliz por entrelaçar as mãos com as do pai o tempo todo no restaurante, que em sendo japonês, torna mais ridículo ainda o namoro ingenuamente incestuoso, irritando o primogênito e tornando o irmão do meio mais indiferente, como que acostumado às velhacarias da vida. De longe, a ex-esposa nada vê, pressente, puta por ele transferir esse clima de romance falso e sedutor para a filha, fato esse que seria irrelevante se tivesse arrumado um outro amor com quem pudesse trocar o mesmo gênero de carícias, sem se sentir culpada. O que fazer para ser ou continuar homem sem reproduzir o modelo do patriarca, entreolham-se os meninos? Cansativo criar coelhos para tirar da cartola e renovar a mágica que levanta todos os circos por onde o artista se exibe. Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
A nível de cova, os judeus isolam os suicidas no cemitério, em ala especialmente destinada, separadas por um muro e de costas para a área central. Consideram que ninguém tem o direito de se matar – à desonra, o gueto na morte. Exumação então nem pensar, somente em casos de transferência dos restos mortais para Israel ou profanação. Um dos mais graves crimes pela lei judaica impede um exame pericial que determine as reais causas da morte de Iara Iavelberg, companheira de Carlos Lamarca, a fim de requerer indenização ou pensão. Ela se suicidou, segundo o Exército, que devolveu o corpo embalsamado um mês depois em caixão lacrado, proibindo que fosse aberto. Xiii! Está na hora de rever seus conceitos.
Senão ficaremos mais perdidos que o cachorro no caminhão de mudança quando cai no meio do caminho: não dá pra voltar para sua casa, não é mais lá, a casa de destino ignora, e a rua em que caiu sei lá qual é.

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Antonio Carlos Gaio
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