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MASTURBAÇÃO

Eu procuro viver na imperfeição e me adaptar à realidade dos fatos.
O amor não é como o vendido à nossa fantasia e comprado de graça. Para ser feliz, há que apagar todos os focos de incêndio que os desentendimentos suscitam. Briga-se por qualquer coisa, diverge-se de opinião e aquilo vira uma animosidade. Troca-se de mal, às vezes, para sempre. Com uma facilidade com que se troca de roupa, despimo-nos da possibilidade de nos realizar com o ente amado. Pois somos personalidades que diferimos em gênero, número e grau, cujo produto final só pode ser o gênio não combinar.
Somente cedendo, contornando a quina da cama para não dar uma topada, costurando com paciência, engolindo em seco, passando a mão na cabeça, baixando a adrenalina da mágoa, massageando o ego da raiva, é que haverá uma chance de tornarmos a nos ver no fundo dos olhos.
O sexo ajuda. Se houver uma liga, daquelas que perduram por toda a existência, que criam até uma dependência, nem sempre sadia. Mas não é tudo. Dura o tempo de dormir relaxado e acordar inquieto com o que o dia reservará para o amanhã.
Mas como dar braçadas vigorosas para fugir do mar da imperfeição, que o impede de sentir admiração pelo ente amado, para sonhar em alcançar o prazer? Que não necessariamente passa pelo orgasmo. Se não conseguimos amar a quem não aceitamos! Se mal contemos a língua e ferimos suscetibilidades de pessoas não tão sensíveis assim. Mas que sabem perfeitamente qual é o seu calcanhar-de-aquiles. E fecham a cara, quando a bala perdida trespassa o fígado e a bílis revolve o amargo que seca o amor.
A insatisfação generalizada leva à masturbação. Própria de quem é muito chegado ao sexo e precisa. No passado, a mulher alçava o selim da bicicleta bem alto, deixando a perna esticada, para roçar o clitóris no assento, enquanto pedalava. O marido ensinava a masturbação na teoria e, a pedido dele, queria ver se ela assimilou as aulas. Aprendeu a gostar no instante em que descobriu que poderia controlar o orgasmo e retardá-lo, no vaivém que substituiu o pênis e facilitou o acesso ao lesbianismo.
Num passado ainda mais distante, era pecado ou desvio de comportamento, coisa de tarado. Quando masturbação é iniciação sexual para o homem. Depois virando vício ou compulsão, a ponto de deixar o pênis em carne viva, ao se perder no prazer que compensa a mulher que não pode ter. Às vezes, tão próxima. Ou perceber prazer na mulher que não dá valor e rejeita. Na mulher que não lhe pertence e que acena com uma esperança. Na mulher que ainda não te descobriu. Na mulher que ainda não viveu a vida. Na mulher que pede socorro para tirá-la da incompletude. Na mulher que não tem opção. Na mulher que faz doce. No fruto proibido. Nas ancas largas. No cabelo molhado. Nos seios intencionalmente cobertos, que protestam por liberdade. Quando, abruptamente, ela se volta e dá as costas para que a admire por trás. Com aquelas que romperam com você, se fecharam em copas e o isolaram como um vírus perigoso.
A masturbação não compete com a relação sexual, uma coisa não elimina a outra. Tampouco ninguém sente necessidade de se abrir a respeito para discutir se a masturbação preenche um buraco existencial, identificado como insatisfação e que contamina o amor e o sexo – é um tabu. Apenas as mulheres é que avançaram, no desfrute ilimitado de suas faculdades sexuais, transformando em farra o uso intensivo de vibradores, para compensarem uma frustração do que não foram capazes de obter na vida. Mas o nível de frustração dos homens é bem maior, em função das limitações de seu sexo, que depende da prostituição, da masturbação e da compreensão da mulher, quando broxa.

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Antonio Carlos Gaio
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