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MUDANÇA DE PERSONALIDADE

No filme argentino “Tempo de Valentes”, um psicólogo se converte em policial ao tratar de um detetive que pirou ao ser traído e passa a integrar batidas, perseguir bandidos e receber ofertas de propina. Encara e vence X-9, arapongas, torturadores, agentes secretos, delegados que encobrem a ação homicida da ditadura, a ponto de cogitarem se ele não seria um espião de fato. Meio sem querer, realiza o grande sonho de ser um 007.
De deslumbrado ao percorrer os salões do poder como grande líder popular que veio de baixo para causar inveja à América Latina e impressionar a Europa, impactando a África com seus pedidos de perdão aos países fornecedores de escravos que forjaram o Brasil, Lula acabou por cair no poço sem fundo do mensalão.
Se a inteligência privilegiada de Zé Dirceu não foi suficiente para impedir sua cassação, esperava-se que Lula também não resistisse. Os que poderiam incriminá-lo recuaram diante do seu peso na História para chegar a presidente. Derrubá-lo ofenderia os instintos mais nobres da população humilde. Quem se arvoraria em ser o carrasco?
A questão de Lula saber de tudo e ficar alheio que nem um dois de paus passou batida e ganhou alento a teoria de cientistas políticos de que a massa ignara associa corrupção à classe política e mantém-se desinformada a respeito, preferindo “o Lula é como nós” – em outras palavras, o brasileiro não sabe votar.
Se Marcos Valério como entidade todo-poderosa foi criada nas Minas Gerais tucana, é melhor esquecer. Se o PT confunde caixa dois em campanha eleitoral com financiar projeto chavista para se manter no poder, é maracutaia das brabas por se provar. Melhor se contentar com o expurgo de Zé Dirceu, Palocci, Genoíno e a arraia-miúda Delúbio e Silvinho. Pelo menos deixou Lula sozinho.
Lula foi obrigado a cair na realidade de ser presidente e passou a filosofar menos. Improviso, só no estilo de comício, em que se sai esplendidamente. Calou-se para ouvir o clamor dos seus inquisidores. As vestais acabaram por lhe ensinar o caminho das pedras com o exercício do perdão aos companheiros cassáveis – ou o sprit de corps do Congresso não funciona como um todo? Os mesmos que engavetaram a CPI dos sanguessugas. Levar um troco forrado na compra de ambulância é um mal menor, ainda que fosse para punir os 300 picaretas da Câmara anunciados pelo paranormal Lula. A ponto de o investigador Gabeira, depois de obrigar Severino a se recolher à sua insignificância, prever que a relação de forças no futuro Congresso será favorável aos bandidos, pois muitos serão reeleitos.
Será que é preciso um Wesley, advogado de Marcola, o chefe da quadrilha que acuou São Paulo, para refletir o sentimento nacional de que o Congresso é uma verdadeira escola de malandragem? Num depoimento à CPI repleto de mentiras, saiu algemado ao ofender o decoro parlamentar.
Lula, líder sindical que não demonstrou muita aptidão para deputado federal, não foi prefeito nem governador, parecia ser um estranho no ninho. Agora, a caminho da reeleição, troca juras de amor com Sarney por causa da ferrovia Norte Sul. Aquela que ligava nada a lugar nenhum. Confessa-se arrependido da injustiça que cometeu, já que era contra sem saber por quê.

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Antonio Carlos Gaio
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