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A EPOPEIA DO HOMEM DE NÃO SER DE UMA SÓ

Não basta termos a companhia de alguém com quem conversarmos e fazermos amor de vez em quando. Queremos um amor maiúsculo que preencha todas as fantasias; caso contrário, você está perdido e já entregou os pontos. Transferiu para o além-mundo a imersão no estado de visceralmente apaixonados, abriu mão de ser surpreendida no ato de amar em locais estranhos, agarrada de forma arrebatadora que a deixa num misto de vergonha e encanto. De ser buscada diariamente com toques de selvageria, seguido de jantar à luz de velas, com os cabelos molhados.
Com tanta diversidade, abertura de canais, troca de papéis na sexualidade, fica fácil arrumar um estranho na noite. O beijo, se não sacia a fome, propicia a ilusão de diminuir o volume da solidão. Mesmo porque, ter um parceiro constante pode ou não ser sinônimo de felicidade. Se for para não degustar o cardápio recomendado, é melhor ser realista, aceitar o possível ou entender o espírito da coisa do improvável. Sem almejar o amor total e acautelando-se quanto à lenda do amor eterno. É hora de acordar.
É importante ir aos extremos e arriscar. Buscar lá fora o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem nos violentarmos. A vida não é um jogo para descobrir no mapa nossas fronteiras. Porém, não sejamos vítimas indefesas, quase que por inércia. Se não estiver de acordo com as regras impostas, caia fora. Invente seu próprio jogo.
Simplesmente porque lá fora uma chuva ácida já modificou os fundamentos da religião do amor e obriga os obstinados fiéis a mudar sua escala de valores, senão ficarão ultrapassados; quanto aos inseguros e desconfiados, não temam, já passou de moda relações se tornarem uma arapuca. O jogo agora é aberto. Não precisa mais pagar pensão, finalmente a mulher é independente. Independente do homem e de seu projeto de vida, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Não se esqueçam de que a felicidade é simples como a areia escorrendo de suas mãos. Você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não se aperceber do que emergiu de sua alma. O amor não é só verdadeiro se traduzir sentimentos arrebatadores que nos atormentam e inquietam nossa alma; é também para transmitir paz e convicção de que é com esse que eu vou desabafar meu coração.
Por isso, o homem é mais sincero quando reconhece que precisa do amor, dela necessita, de seu entorno, de sua companhia, para que ficar sozinho? Ele não agüenta é ficar sozinho consigo mesmo. Não é com sua pessoa se abster de emoções fortes e apaziguar seus impulsos. Nega seus questionamentos, na maior hipocrisia, para correr atrás de outra Lola, que não torre a paciência como sua ex-mulher, e transformá-la em titular; até em primeira-dama, se não for tão atriz, verborrágica e maníaca.
Muito embora a epopéia do homem esteja vinculada à traição e a não ser de uma só; sem amor, a vida não vale a pena ser vivida. Enquanto a fábula da mulher estaciona no usufruto do monopólio do romantismo, atribuindo à má sorte a não confirmação de expectativas afetivas, sem, contudo, admitir que a desanimou, quando não perdeu a vaidade e a fé em dias melhores.
Ela na virtude, devastada pelas desilusões; ele no cinismo do pragmatismo, para reverter o clima. Sabe que todas as mulheres estão dispostas a abrir uma janela, não importa a idade que tenham. Sabe que cultuam a esperança de um dia surgir um nobre cavalheiro que levará em conta seus sentimentos e não as deixará na mão jamais. Sabe, por outro lado, que elas não desistem de se entregar aos prazeres da inquietude e, portanto, são loucas de pedra fingindo serem santas, ajuizadas e responsáveis, cabendo ao homem, em ponto de bala, explorar o fantasioso, o delirante, o descacetado de sua personalidade e alcançar o seu ponto fraco.
Ela o aguarda.

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Antonio Carlos Gaio
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