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OS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA DE NAPOLEÃO BONAPARTE

No bicentenário da morte de Napoleão Bonaparte em 5 de maio de 1821, aos 51 anos, cabe recordar que ele terminaria seus últimos anos de vida isolado no meio do Oceano Atlântico, cuidando de jardins e ditando memórias a um criado mudo (não podia abrir a boca). Exilado em território britânico ultramarino, na Ilha Santa Helena, uma das mais remotas do mundo, cujo pedaço de terra mais perto fica a 1.125 km na Ilha de Ascensão, a meio do Atlântico Sul, mais próxima da África (Angola) do que da América do Sul.
Nasceu na Córsega onde a França insular quase beija a Itália através da vizinha Sardenha, no Mar Mediterrâneo. Numa casa de três andares e que hoje virou museu com seu nome. Foi ali na capital Ajaccio, em 1769, que Napoleão deu os seus primeiros passos diante de praias de areia branca e águas turquesas. De família instalada na ilha desde o final do século XV, marcado pelo isolamento tanto no nascimento e quanto na morte.
Quem visse aquele homem entediado e doente, jamais poderia imaginar o famoso império de Napoleão Bonaparte pondo as garras no Egito e na pedra de Rosetta, que ajudou a decifrar os hieróglifos egípcios. Invadindo os domínios do czarismo e entrando em Moscou em chamas, ateadas pelos próprios russos. Até ser vencido na batalha de Waterloo, na atual Bélgica, quando seus vizinhos europeus se juntaram, cansados de tantas humilhações, e lhe infligiram uma derrota tão impiedosa que Waterloo ficou sendo reconhecida como o símbolo do fracasso, não só na guerra como também na política.
Adulado pela direita, o imperador Napoleão, o renomado gênio da estratégia militar, encarado como a representação de um período de grandeza do passado francês e de identificação nacional, o mentor da organização das instituições do Estado moderno, da criação dos códigos civil e penal e das reformas empreendidas na educação.
O obtuso que o considera um herói não vê nele um ditador pouco preocupado com perdas humanas, obcecado por hegemonia e morte violenta, próprio das tradições corsas que inspirariam a máfia mediterrânea. Sem contar que restabeleceu a escravidão nas colônias francesas em 1802, prática abolida em 1794 pela Revolução Francesa, uma traição ao espírito do Iluminismo.
Vivendo como recluso seus últimos cinco anos de vida, sob olhares de dezenas de soldados britânicos na Longwood House, sobre um platô desprotegido dos ventos uivantes e violentos, para que não ousasse se lançar em novas aventuras de cunho imperialista. Um projeto de militarização da vida civil que viria a influenciar Hitler depois de quase cento e vinte anos. Sem o fausto da Corte, morreu entregue à própria sorte. Solitário. Um lobo sem dentes.

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Antonio Carlos Gaio
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