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PACTO DE AMOR

Não se deve bater em filhos quando eles se comportam mal, já que suas personalidades em formação ficam destorcidas e pode-se prejudicar sua auto-estima. O professor não deve confundir disciplina dos estudantes com arrastá-los pelo braço para o castigo. Trazer a cama de casal para dentro do quarto da filha é uma parada difícil para a mãe resolver, ao contrário de suprir o filho com quantas camisinhas quiser para que se divirta à vontade. Ficam com muitos porque se cansam de todos com uma rapidez de super-herói. Trocam tanto que fazem revirar no túmulo as recomendações de seus antepassados de que elas vão ficar faladas, os rapazes só querem se aproveitar. Por ainda não se encantarem o suficiente, não conseguem se envolver, e sofrem. Há que ter um quê de desafio de tipologia mitológica. Algo que empurre a investir no namoro. Senão perde a graça. Tão fácil quanto juntar os corpinhos é separá-los. Até encontrar alguém que saiba dizer não.
Essas cabeças evoluem necessitando superar obstáculos. Por vezes, afigura-se distante se contaminarem com um sentimento mais profundo que crie vínculos de causa e efeito, que mais parecem amarras. Por isso, quando alcançam o amor, querem descansar nos louros. Para que discutir a relação?
Por ser um tabu, pouco se comenta sobre casais que se lançam numa relação moderna e aberta, em que se liberam corpos e afetos, sem regras ou interdições que impeçam o prazer e a novidade de fluir. Pesadelo: o limite de até onde poder ir. Tudo é válido e permitido, menos a hipocrisia. O pacto da fidelidade gira em torno de falar tudo o que se vivencia. Abaixo a posse, apenas a verdade cristalina dos fatos, a base da autenticidade da relação. Não cabe pertencimento de qualquer ordem, seja ser de alguém afetivamente ou possessivamente, a intensidade leva ao grude, torna enjoada a simbiose, ao descaracterizar a individualidade e ofender a liberdade.
Negligenciar o pacto significa trazer uma sombra para o relacionamento que irá desenvolver uma profunda tristeza e ódio que consumirá o amor. Originado na omissão que redunda na mentira e embrenha no amargor, tudo faz voltar à raiz do problema. Andando em círculos e valorizando o negativo, à procura de um beco com saída em meio a tanta discórdia de como conduzir o relacionamento.
Ser ou não ser, eis a questão. Se abrir a relação, pode-se constatar que não está preparado, afinal a verdade não foi feita para todos. Caso contrário, é mentira das boas. O pacto é uma tentativa vã e a tendência é se perder com o tempo e o casal voltar à hipocrisia vigente, uma fatalidade na sociedade. Ganha-se experiência, alargam-se os horizontes, mas todos receiam as conseqüências da liberdade que se deseja construir. E quando se ama arrebatadoramente, ninguém brinca em serviço e exige-se a entrada na posse imediata da pedra preciosa, do bem raro que não chegou às suas mãos à toa. Você fez por merecer, seu coração aberto clamava por algo sublime que o retirasse da condição de solitário na vida. Por não conseguir se conectar, se agregar ou se apegar a alguém. Por isso, pautou-se por pactos, brilhavam seus olhos quando investia contra o amor careta e injuriava o público fiel de novelas, adepto da pieguice. Tanto cuspiu marimbondos contra reacionários que esgotou seu arsenal, acabando por encontrar um lugar nessa sociedade conservadora que sempre se encontra vago. À sua espera, como uma aranha que tece a teia à espreita de moscas que pousam na sua sopa. Cansadas de procurar uma ideologia para viver.
Terminando por ceder. Recuar, para que inventar se você pode dar certo no amor? Se essa fórmula vem funcionando há secula seculorum, amen. A verdadeira magia está em descobrir o que outros já saborearam, se banquetearam e se deram por satisfeitos. As escavações arqueológicas não revelarão o percurso e a evolução do amor, trata-se de uma cultura que só o inconsciente pode registrar. Portanto, guardado a sete chaves, de forma a desestimulá-lo e decifrar por conta própria o mapa do seu tesouro. E não há muito tempo disponível para se encontrar a fonte do afeto que jorra e nos livra da incredulidade e frieza d’alma.
Senão nos deixamos ficar numa avoação só, contemplando o sol que derreterá as asas de nossa liberdade e nos fará dar com os burros n’água. A inconseqüência de nossos atos não é uma inútil paisagem, serve para definir até onde vai a liberdade e o que fazer com ela. Se o amor liberta ou encerra. Se o pacto fermenta ou dessora o relacionamento. Se repactuar implica em compactuar. Nascemos sob esse signo.

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Antonio Carlos Gaio
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