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POR QUE OS JUDEUS SE CONSIDERAM UM POVO PERSEGUIDO?

Os hebreus, como os judeus eram anteriormente conhecidos, são de origem semita (identificados como os descendentes de Noé). Segundo o Velho Testamento, os hebreus, em razão da seca que gerou fome, migraram para o Egito, lá permanecendo por 400 anos, onde foram escravizados pelos egípcios. Liderados por Moisés, tornaram-se a civilização hebraica quando atravessaram o Mar Vermelho e conseguiram escapar das garras do faraó em percurso no deserto e travessia, ficando afamados e reconhecidos como o Êxodo. Dirigindo-se ao vale do rio Jordão e à região que seria conhecida como a Terra Prometida ou a Terra Santa. 
Este fato é de suma importância e fez deles um povo peculiar e conhecido por toda a humanidade, quando passou a crer num só Único Deus, o Criador do Céu e da Terra e tudo o que nela existe. Até então, todos os povos do mundo viviam segundo suas próprias leis e eram polígamos, idólatras e cultuando inúmeros deuses conforme suas necessidades, tais como felicidade, guerra, colheita, beleza, prazer, senão refletindo os elementos da Natureza. 
Assim sendo, como é que deveriam se sentir os vizinhos de judeus e outros povos ao tomar conhecimento de que existia um povo que se libertou miraculosamente da escravidão do Egito, e que agora tinha por herança uma terra prometida por um Deus que é superior a todos os deuses do mundo e, além de tudo, é o único?  Ou seja, todos os demais deuses, a partir desse momento, seriam falsos! Criou-se, assim, uma área de sérios atritos com os outros povos. Um conflito que, com o tempo, assumiu grandes proporções. 
Em 63 a.C., o Império Romano conquista a Judeia e anexa o território aos seus domínios, tornando-a um principado vassalo, o que levou os judeus a se revoltarem, sendo duramente reprimidos e expulsos da Palestina 100 anos depois, dando origem à Diáspora – dispersão dos judeus pelo mundo, ao longo dos séculos. 
Apesar de não possuírem um Estado (território), eram considerados uma nação (povo) e procuravam conservar sua identidade cultural por meio da língua, religião, costumes e hábitos.  
Na Europa medieval, ocuparam principalmente a região da Península Ibérica (Portugal e Espanha). Começaram a ser perseguidos pelos cristãos em virtude de a Igreja Católica ter julgado os judeus como responsáveis pela morte de Jesus Cristo – apesar de Jesus ser judeu que descendia da tribo de Judá. Objetos da sanha persecutória da Inquisição, passaram a sofrer constantes assédios e intimidações, obrigando-os a se enclausurarem em guetos conhecidos como judiarias (bairros próprios) em meio a maiores aglomerações urbanas, onde praticavam seu culto, falavam seu idioma e mantinham as suas tradições ancestrais. Embora, diplomaticamente, fossem fiéis à Coroa, a ela se subordinando. Até serem convertidos pela força ao catolicismo, rotulados de cristãos novos, o que não impediu de, posteriormente, serem expulsos da Espanha e perseguidos em Portugal, fugindo para os Países Baixos, Constantinopla, Norte da África, Salônica (na antiga Macedônia ou futura Grécia), Itália e Brasil.
Porém, acabaram por ser absorvidos pelas sociedades católicas em processo longo e doloroso ao correr dos anos 1000 a 1700, mercê de suas fortunas e atividades mercantis contribuírem para incrementar a economia de reinos europeus, como também aqueles dedicados aos ofícios ou a atividades liberais (comércio de capitais, ciência, medicina, farmácia, artesanato, ourivesaria, sapataria, alfaiataria e tecelagem). Especialmente na área financeira, onde não existia grande concorrência por ser vedado ao cristão a possibilidade de auferir ganhos com juros através do crédito, por ser considerada pecado a usura. 
A grande ascensão econômica e intelectual no século XIX impulsionou vários países a acusar a comunidade judaica de querer dominá-los pela força do dinheiro, ao dispor, com maestria, de todos os meios que o capitalismo lhes proporcionava. Eis que surgem ideias de aversão e preconceito contra os judeus, no que se convencionou chamar de antissemitismo. A discriminação suscitou o desejo de retornar ao seu rincão de origem, a Palestina, e criar um Estado Judaico nesse território. Ao que se chamou de sionismo, com milhares de judeus retornando e fugindo do antissemitismo europeu.
No século XX, a comunidade judaica foi vítima de uma das maiores atrocidades da História: o Holocausto. Instituído pelo líder nazista Adolf Hitler, durante a II Guerra Mundial, seis milhões de judeus foram isolados em campos de concentração, sendo aniquilados em câmaras de gás, chamados pelos carrascos de Solução Final.
Esse ódio é muito antigo. Existe desde que os judeus desenvolveram a consciência de uma religião e nacionalidade únicas, resistindo a todas as tentativas de absorção e influência de civilizações estrangeiras muito mais poderosas, quando entravam em contato com elas. Os judeus nunca se deixavam misturar nem serem assimilados filosoficamente nem culturalmente por nenhum outro povo ou cultura. Essa blindagem fez com que os judeus sempre parecessem estrangeiros no país que adotaram para viver e, como tal, antipatizados por esse comportamento ou postura transparecer superioridade, ainda mais por seu elevado nível cultural justamente não levá-los a renegar suas origens. Daí rejeitados, logo odiados e, por fim, perseguidos por quem não era dos seus.
Sina de perseguição? Destino a que os judeus estão condenados através da História? Foi-lhes devolvida a Terra Prometida em 1948 em função do Holocausto ter pesado na consciência dos países que derrotaram o demônio nazista e atendendo a uma demanda antiga dos judeus. Sem consultar o mundo árabe, disperso, desorganizado e submetido, à época, ao regime colonialista de Grã-Bretanha e França, que exploravam o petróleo na medida certa para abastecer o seu mercado e o bem-estar na Europa. Sem tampouco consultar os palestinos, que viviam na miséria. Redundando no aumento da tensão entre judeus e palestinos, e a gênese de um problema geopolítico internacional que por várias vezes envolveu o mundo inteiro. E aumentando o desejo dos muçulmanos em eliminar Israel da face da Terra, o mote para mais uma perseguição no entender dos judeus. 
Até quando? Não haverá como os judeus conciliarem, restringindo-se ao papel secular de vítima e empreendendo, em contrapartida, uma máquina de guerra que devasta o que deveria ser o Estado da Palestina. Não sabendo, portanto, fazer uso de sua milenar cultura e tradição em que deveria sobrar sabedoria para negociar a paz. Enredados num mecanismo de defesa, sempre no piloto automático, prontos a reagir contra qualquer sinal de perseguição. Com a arrogância característica de senhores da guerra e de como dispor de suas propriedades.

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Antonio Carlos Gaio
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