Diante da população
enfurecida,
de tanta esperança
perdida,
me sinto numa ilha
solitária
sendo considerada
otária
mas convicta
do que penso.
Não venço
argumentos raivosos,
apenas me calo
e não aprovo.
Fico na minha.
Violência gera violência
num ciclo vicioso.
E legítima defesa
só é legítima
na hora do ataque,
do calor do momento,
em defesa da vida
e não num processo
de vingança lento,
em que se planeja
agredir o agressor,
de oprimido, virar opressor.
Ninguém percebe
a incongruência
de fazer com os outros
o que não gostariam
que fizessem a si mesmo?
Ou tanto sofrimento
gerado em tantas outras guerras
foi sangue jorrado a esmo?
Entendo que diante
de tantos erros
bate um certo desespero
e chegam a extremos,
mas eu temo
por todos nós.
Não se desata nós
amarrando outros
ou rasgando tudo
feito louco.
É preciso calma
e estratégia,
paciência e cuidado
acima da média
e é aí que mora o perigo.
Egoístas (quase todos)
só enxergam seus umbigos.
Ficam cegos, perdidos.
Nós (os fazedores de novos nós)
é que somos nossos maiores
inimigos.
Enforcamento no Rio
A origem
da violência
está na indiferença
ao sofrimento
e nas diferenças
de tratamento.
Pobre, favelado,
flagelado,
filhos não programados,
jogados ao relento
sem acalanto de mãe
sem mão na cabeça,
porque a vida dura
exige que se cresça
e enlouqueça.
O sistema só cobra
e a sociedade tem nojo
e cadê a educação
e a saúde pública
pra esse povo?
Se até o colega
do trabalho
do mesmo nível,
tem inveja e sabota
se até amigos, às vezes
amam por vias tortas,
porque acreditar
– doce inocência –
que tamanhas carências
e desigualdades
não gerariam
maldade?
Quanta fragilidade
há nessa aparente força?
Ninguém percebe
que só retroalimentamos
e apertamos
a própria forca?
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