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SOBRE A INVEJA

Hoje resolvi falar sobre a inveja. Acho que a melhor definição pra essa palavra é mesmo aquela citação popular, que diz que a inveja é uma m&#*@. O problema é que, freqüentemente, ouço pessoas dizerem que temos que nos proteger desse mal porque, ao despertarmos a inveja alheia, poderemos ser altamente prejudicados por essa energia ruim. Ok, qualquer energia negativa é ruim, mas, mesmo diante dessa verdade inconteste, eu me pergunto: será mesmo a inveja alheia assim tão prejudicial? Desconfio cada vez mais que o maior prejudicado pela danada é o próprio invejoso e não o ser invejado.
E digo isso porque, infelizmente, o mundo está cheio de invejosos. E eu adoro observá-los. Você já reparou que quanto mais a pessoa reclama da própria vida, pior a vida dela fica? Quanto mais a pessoa acha a vida dos outros perfeita, maiores ficam as imperfeições de sua própria vida? E você não pense que isso é coisa de novela. Quem é que nunca ouviu um amigo reclamar por não ter toda a grana e poder daquele colega de trabalho? Já reparou como a maioria das pessoas adora descobrir os podres dos chiques, ricos e famosos? Como se dissessem: “Tá vendo? A mulher é rica, poderosa, artista, famosa, mas só se apaixona pelos caras errados!” Ou ainda: “Pobre menina rica! Tão cheia de dinheiro, mas não pode nem ir à esquina sem ser perseguida por um paparazzo!”
E o mais irônico é que são justamente essas pessoas invejosas que gastam seu suado dinheirinho colaborando com a indústria de fofocas. Eles sequer se dão conta de que poderiam usar muito melhor todo esse tempo, energia e dinheiro em benefício próprio. Em busca de sua própria felicidade e fortuna. Mas não. Preferem investir seu tempo olhando pela janela, espiando pelo buraco da fechadura. Vivem a vida como eternos voyeurs. Big Brothers de plantão. Assim, realmente, só terão motivos para se lamuriar, ora bolas! O que, aliás, é muito mais cômodo do que arregaçar as mangas e pôr a mão na massa.
Mas, enfim, o que quero mesmo dizer é que a inveja pode até fazer mal a quem é invejado, mas, com certeza, afeta muito mais o ser invejoso. Porque todos os seres são únicos. Semelhanças e coincidências à parte, somos todos diferentes, especiais na nossa singularidade. Alguém sempre terá alguma coisa que o outro não tem. É a lei da vida. Ninguém pode ter tudo. E, quando digo “ter”, não me refiro a bens materiais, que fique bem claro. Estou falando das características próprias de cada um. Por mais que o dinheiro não traga felicidade e, como dizem alguns, “mande buscar”, ele não compra o caráter, não compra uma consciência tranqüila, uma mente desencanada, uma leveza de espírito. Não compra inteligência, humor, ironia. Não compra amor. Ele pode até comprar o botox, silicone, cirurgia redutora, escovas progressivas e drenagens linfáticas, mas nunca vai conseguir comprar aquele remelexo sensual de quadril que é natural da mulata, aquela levantada de sobrancelha que só algumas pessoas têm, aquele charme maduro típico de Sean Connery, Richard Gere e de tantos outros Zé Ninguéns por aí. Não adianta querer ser igual ao outro. Melhor ou pior. Como já disse em outro texto, só posso ser melhor do que eu mesma e, enquanto isso não entrar na minha cabeça, não conseguirei ser feliz.
Por isso, quando ouço as pessoas reclamando: “Ah, se eu tivesse o dinheiro da Xuxa…” “Ah, se eu tivesse a beleza da Gisele Bundchen… “Ah, se eu tivesse o marido da vizinha…”, me vem à cabeça sempre o mesmo pensamento: “Ah, se elas soubessem o que eu sei.” Porque eu posso não ter o dinheiro da Xuxa, a beleza da Gisele Bundchen, nem o marido da vizinha, mas com certeza sou feliz. Porque aprendi a me amar como sou e, sendo assim, aproveito cada centímetro cúbico de tudo que tenho de bom. E, afinal, o que a gente leva da vida é o que a gente faz com a vida e não o que a vida faz com a gente.

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Antonio Carlos Gaio
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