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FEITA DE SÊMEN
Não sei sentir pela metade,
dizer meias-verdades,
gostar sem sentir saudade,
fingir que não me importo.
Quando gosto, aposto,
dou tiro no escuro.
Não fico em cima do muro.
E me entrego.
Mas tenho andado diferente,
não nego.
Com medo de voos cegos.
Com preguiça de tantos começos
e de ter que virar do avesso
pra jogar fora o que vai aqui dentro.
Sabe? Não sou feita de vento.
Fui feita de sêmen,
nasci do amor.
Então, se for para ser
que seja, sejamos:
entrada, prato principal
e sobremesa.
Não nasci pra fazer dieta,
e sim pra me lambuzar.
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Antonio
Carlos Gaio
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