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NAPOLEÃO

Roberto Jefferson esfrega as mãos de satisfação diante do que revelou sobre o charco adubado por homens públicos que não distinguem a relação dos interesses públicos com os privados. A tsunami cresce em direção à alta cúpula do PT, que não mediu meios em seu projeto de poder. Com jactância, julgaram que pôr o cantor lírico no bolso seria fácil, para quem fez luta armada no Araguaia. Pelear na democracia exige mais tutano do que dar tiros, a bancada da bala que o Jefferson faz parte, que o diga. Arriscando sua própria pele, põe à prova nossa democracia com o escrúpulo característico de quem trata política como a arte dos negócios – todo homem tem seu preço.
Acusa todo mundo na Câmara para deixar deputados e homens da mala em suspeição, jogando lama sobre lama para desviar o foco da investigação. Explora a extrema volatilidade dos políticos ao trocarem de partidos, especialmente os que constituíam a base do governo que dobrou sua bancada.
O que lhe valeu um olho roxo provocado por um armário de sicupira – com jeito de nocaute -, ao vociferar sobre o assunto que mais conhece: sonegação de gastos de campanha. Inclui-se entre os que fraudam. Se considera igual a todos. Como se a lógica do ser humano, como paradigma de seus representantes no Congresso, se guiasse pela fidelidade zoológica.
Fala com autoridade por ser conhecedor profundo das entranhas do esquema PC Farias. Sempre deixam um rabo, como o de se hospedar na suíte presidencial de hotel de luxo às vésperas do Natal. Ou investir o genro como administrador de negócios escusos que o político arregimenta e fatura.
O PT sempre foi reconhecido como partido da caça às bruxas em nome da moral e ética. Até chegar no poder. Em nome da governabilidade, as más companhias se apresentam como “chapeuzinho vermelho” para comer o lobo que se investe no poder na condição obrigatória de transformar o país. Para isso são eleitos. Mas há que pagar pedágio para os projetos serem aprovados em favor da turma que cobra caro para o país sair do atraso. São os guardiões da ignorância, para que eliminar a corrupção se a visão que têm da sociedade é o bem-estar de sua família e agregados que se aproximam por interesse?
“Quanto mais poder, mais cuidado ao abrir a boca”. Finalmente, o presidente Lula caiu na real, lutando para sobreviver e não se transformar numa rainha da Inglaterra. O Jefferson agora pauta as demissões de dirigentes de estatais com suas denúncias. Lula não pode se fazer de tolo e ingênuo como Genoino, que assina contratos de empréstimos ao PT sem ler, por confiar no tesoureiro Delúbio, tendo como avalista um carequinha que enriqueceu à custa de contratos vultosos de propaganda do governo – o contrato tem a nossa impressão digital.
Nem pensar em impeachment, pois o povo vai mal mas a economia passa muito bem – o melhor desempenho desde o Plano Real. As 500 maiores companhias não querem derrubar Lula, pois só discriminariam suas metáforas se estivessem perdendo. Mas a economia está descolada da política, e isso é o que interessa. Quanto ao Congresso, desmoralizado pelos mensalões, se acovarda e se encolhe diante da investidura de Jefferson em herói por soltar tantos podres, verdadeiros traques, na cara do povo brasileiro.
Quando atearam fogo na senadora Heloísa Helena por infidelidade partidária a seu projeto de poder, lembraram a Revolução Francesa. À perseguição inquisitorial dos inimigos do regime, seguiu-se o guilhotinar de seus mandantes. O equilíbrio no poder político se desfez em mil pedaços e surgiu Napoleão.

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Antonio Carlos Gaio
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