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NATAL DE 2023 – MARCADO PELAS GUERRAS

O Natal de 2023 vai ficar marcado por uma guerra de caráter bíblico entre Israel e a Palestina, em sequência à travada entre Rússia e Ucrânia. De caráter bárbaro por revelar que o ser humano nem parece ter evoluído um tantinho assim. Por sacrificar principalmente as crianças, especialmente as que se encontram em incubadoras em hospitais. Causando estranheza por ver os damascos, as tâmaras, as amêndoas, os figos e os pistaches numa mesa natalina como a implorar para serem degustados em nome da paz e da concórdia. Numa visão aterradora de tudo ser tão simples e tão difícil ao mesmo tempo. Será que não é possível compor à mesma mesa os membros de uma família sem que um vá à cara do outro? A desfrutar do pão e do vinho, que deve ser compartilhado enquanto se troca ideias. Ainda mais se dispomos da mesma origem, se do ventre procedemos. Sensações, medo e reação, tudo muito parecido, só na aparência, na cor ou nos traços, diferimos um pouco, mas justamente para reforçar o que é vital: o espírito humano. O espírito humano demanda que nos agreguemos, nos misturemos, formemos uma grande comunidade ao estreitarmos os laços, aceitando as diferenças, não somente para comemorar o Natal. Senão o Natal apenas se converte numa trégua em meio aos combates desencadeados para arrancar do adversário a rendição a qualquer custo ou a sua sumária destruição. O Natal de 2023 evidencia o mundo desarrazoado em que estamos inseridos, sempre a sinalizar que não encontramos saídas para nossos desentendimentos e o máximo que conseguimos é desfrutar de um Natal, como um oásis no seio de uma sinfonia inacabada. Mas ainda há quem lamente do espírito natalino não mais corresponder às inspirações incutidas nas crianças de sua época por conta da moral apresentar sérios abalos em sua estrutura, tendendo a ruir e não mais servir de referência. Se o mundo, diante da pobreza e da miséria moral em ascensão, ter virado uma guerra e o amor ter perdido seu rumo. E o Papai Noel correr o perigo de se transformar numa figura decorativa e lançado no fundo do baú.

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Antonio Carlos Gaio
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