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O ÚLTIMO DUELO

Finalmente de volta às salas de cinema com o certificado de vacinação e três doses, nem bem a pandemia deu um refresco. Aos 83 anos, Ridley Scott, o maior diretor de cinema da atualidade, e que esteve à frente de “Alien”, “Blade Runner”, “Thelma & Louise”, “O Gladiador”, “Hannibal”, dentre outros, nos apresenta outro filme épico, dessa vez baseado em fatos reais extraído do romance de Eric Jager. É sobre o duelo em 9 de julho de 1386 entre o cavaleiro Jean de Carrouges (Matt Damon) e o escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver), acusado de ter violado a esposa do cavaleiro. O maior duelo de todos os tempos da história do cinema, mal comparando com os westerns, capa e espada e confrontos entre gladiadores. Ridley Scott sabe montar muito bem um enredo em que você entra e depois tem dificuldade para sair. A cenografia é tão rica que nos transporta para a Idade Média e nos faz respirar aliviados de não ter vivido àquela época, na qual, durante o reinado francês de Carlos VI, a verdade das mulheres não interessava, existindo apenas o poder dos homens. Jodie Comer, no papel de Marguerite Carrouges, é a nobre francesa que desafiou os costumes medievais ao denunciar o homem que a violentou, enquanto o marido defendia sua honra e o desafiava para um duelo. Ao contrário de outras mulheres, ela não se calou e decidiu contar primeiro a Jean o que aconteceu, já que as esposas eram consideradas “propriedades” do marido. Naqueles tempos, se uma mulher fosse estuprada era considerado um crime contra seu marido, e não contra ela. O roteiro de Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener repassa a mesma história sob três perspectivas diferentes, não aprofundando seus protagonistas, e alongando demasiado o filme. O estupro culminou no último julgamento que resultou num duelo mortal na França e marcou a história do país em uma época em que denunciar um estupro era uma raridade, demandando mais do que coragem: a mulher que o fizesse poderia ser condenada à morte se fosse considerada mentirosa. A falta de confiança na palavra de uma mulher fazia com que o tribunal a incriminasse mais do que a defendesse. Assim, era raro que estupros fossem reportados à Justiça. Pouco após a agressão sexual, Marguerite ficou grávida. Antes, por cinco anos, ela tentou ter um filho com o marido, sem sucesso, o que levantou suspeitas sobre a paternidade da criança, agravando o caso na corte, já que se acreditava naqueles malfadados tempos que uma mulher só engravidaria se tivesse sentido prazer na relação – logo, um estupro não poderia gerar uma criança. Quem disse?

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Antonio Carlos Gaio
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