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CAPÍTULO LXXIX – SANTA RITA DE CÁSSIA

Existe um abismo entre o que a gente é cotidianamente e o que sonhamos ser. Santa Rita de Cássia nasceu em 1381 em Úmbria (Itália). Religiosa ainda jovem, desejava ingressar numa ordem e entregar sua vida totalmente a Cristo. Acabou cedendo aos constantes pedidos dos seus pais, casando-se com um dos cavaleiros mais ricos e poderosos da região. Nos primeiros anos de seu casamento, Rita constatou que ele era um homem violento e irascível, tendo inúmeros inimigos na região de Cássia. No entanto, ela não desanimou e suportou seus insultos, abusos e infidelidades por muitos anos, orando a Deus por sua conversão. Com o tempo, ele se tornou um bom marido e até renunciando a uma antiga disputa familiar conhecida na época como “la vendetta”. Contudo, inesperadamente, seu marido foi brutalmente assassinado por um membro da família adversária, tornando-se muito cedo viúva com dois filhos pequenos por criar. Durante o funeral, publicamente, Rita perdoou os assassinos de seu marido. O seu cunhado, porém, convenceu os filhos de Rita, quando estes cresceram, a se vingarem da morte do pai, aceitando-o como tutor e abandonando a casa de sua mãe para ir morar com ele na mansão da família. Temendo que seus filhos conspurcassem suas almas, Rita pediu fervorosamente a Deus para que antecipasse o retorno espiritual de seus filhos, a fim de evitar que se transformassem em justiceiros assassinos. E Deus assim o fez, sem que nada pesasse sobre suas almas. Rita, então, quis ingressar no mosteiro de Santa Maria Madalena em Cássia, mas foi recusada. Embora reconhecendo o bom caráter e a alma piedosa de Rita, as freiras tinham medo de seu histórico de vida associado ao escândalo da morte encomendada de seu marido. Novamente recorrendo à oração, Rita implorou a Deus, sendo, numa noite bem escura, transportada por seus três santos de devoção para dentro do convento, mesmo com todas as portas fechadas, e assim admitida pela Madre Superiora tempos depois. Uma vez religiosa, Rita dedicou-se à tarefa de promover a paz entre as partes hostis de Cássia, conseguindo resolver as disputas intestinas entre famílias que lhe custara o marido e os filhos, além da cura de seu cunhado, infectado pela peste negra que consumia a Europa inteira. Exemplo de mãe, esposa e religiosa, Santa Rita de Cássia realizou muitos milagres, morrendo em 1457.
A septuagésima nona intervenção espiritual, em 7 de junho de 2019, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre os itens 1, 2 e 3 (“Salvação dos ricos” e “Resguardar-se da avareza”) do capítulo 16 (“Não se pode servir a Deus e a Mamon”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou ele aborrecerá a um e amará ao outro, ou se afeiçoará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir ao mesmo tempo a Deus e a Mamon (significa riquezas materiais e cobiça). O que é preciso para alcançar a vida eterna? – um jovem perguntou a Jesus. Guardai os mandamentos. Já guardo, o que ainda me falta? Vendei o que tendes e dai-o aos pobres, assim tereis um tesouro no Céu; depois, vinde e segui-me. O jovem retirou-se muito triste pois possuía muitos bens: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus”. Ele preferiu manter seu dinheiro em lugar bem seguro e continuar ganancioso.
Tende cuidado para guardar-vos de toda avareza, pois em qualquer abundância que o homem se encontre refestelado, sua vida não depende dos bens que possui. Mas o que farei se não tenho lugar para guardar tudo o que colhi extraordinariamente? Derrubarei meus reservatórios e construirei outros ainda maiores onde despejarei todos os meus bens? Descansarei, comerei, beberei e regalar-me-ei se tenho reservas para atender minh’alma? Como és insensato! E se tua alma for arrebatada ainda esta noite? Para quem ficará isso que guardaste? Para si mesmo já não vai mais ser! Perante Deus, és pobre de espírito.
Santa Rita de Cássia sempre quis servir a Deus a despeito das circunstâncias da vida a empurrarem em direção a Mamon. Até para testar suas convicções. Precisou oferecer seus dois filhos em sacrifício e imolá-los para recuperar seu verdadeiro destino. Precisou ser desmaterializada para entrar no convento. Buscando a concórdia onde havia guerra marcada pela vingança e retaliação, que dizimou sua família. Transcendeu limitações humanas consideradas impossíveis. Quando não tem nada impossível para Deus. Ainda mais para uma Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis. E assim Deus vai lapidando o mundo, rabiscando o novo desenho da realidade, se utilizando de nós, à sua imagem e semelhança, para construir pedra por pedra.

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Antonio Carlos Gaio
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