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CANGALHA

Na busca pela espiritualidade, podemos ser bombardeados com regras e maneiras adequadas de agir de um grupo a que queremos pertencer, no qual não ficamos à vontade para nos expor em virtude de não representarem nossa verdadeira essência. Por medo de não nos considerarem à altura para fazer parte daquele grupo, tentamos refrear nossos impulsos e esconder aquilo que não cabe naquelas regras. Aceitando a cangalha.
Quando facetas que não se ajustam às regras podem ser nossas melhores partes, porquanto falam de nós no que temos de mais genuíno e de mais puro. Mas se não nos mostrarmos dignos de nossos mais verdadeiros valores, ferimos nossa integridade, representada por toda aquela natureza mais virgem, que ainda não foi domada.
Assim como um animal que ainda não foi domado e que não se mantém preso e obediente ao domador, existem em cada um de nós partes que se rebelam contra o controle e contra tudo que intenciona nos fazer diferentes de quem somos. Ainda bem que temos essa rebeldia, essa certeza inóspita que nos mobiliza a ir além de tudo que deseja nos manietar e nos limitar. Mesmo que essa energia pareça entorpecida e sem força, até transparecendo que está fora de ação, essa parte de nossa natureza está sempre pronta a ir contra o que querem nos impor.
Se ousamos questionar e não mais nos calamos quanto ao que nos é dito, isso é um sinal de que nossa natureza mais selvagem está habilitada a nos ajudar nessa guerra que travamos em nosso íntimo: uma parte que quer seguir acolhendo o que o outro tem a nos dizer e a outra parte que quer ser você, de verdade. Será que tudo que seguimos à risca resistiria a um olhar mais amplo e lúcido de um questionamento um pouco mais aprofundado?
Sabemos que o único caminho a trilhar é nos conhecermos cada vez mais. Mas como poderemos nos conhecer se nos são impostas tantas regras do que é certo e errado? E se nos empurram contra a parede para que morra em nós o que consideram inapropriado? Mesmo que isso seja uma parte viva e genuína de quem somos!
Geralmente, quando ingressamos em algum grupo, é porque ali existe alguma coisa que nos faz bem, encontrando identidade que soa como verdade. E vamos sendo levados por uma tentativa de acomodação ao novo terreno, ou por receio de abordar conceitos que não é hora para se mexer, ou por acreditar que certos parâmetros não devem ser questionados.
Até que um dia uma lucidez maior nos invade descortinando algo no horizonte que não enxergávamos, chegando ao ponto de precisar tirar a venda dos olhos e assumir se conduzir pelo próprio coração. Quando muitas verdades tidas como sagradas caem por terra, provocando um verdadeiro caos altamente propício para nossa natureza selvagem exalar que está bem viva e sempre pronta para nos guiar em busca do nosso verdadeiro Ser.

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Antonio Carlos Gaio
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